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Agricultura

Deputados do Parlamento Europeu votam proibição do glifosato

Fim do glifosato discutido esta semana. Anipla fala de “alarmismo”

Os deputados do Parlamento Europeu votaram esta terça-feira (24 de outubro) contra a renovação da autorização de utilização do glifosato no espaço comunitário. A resolução não é vinculativa e carece da decisão final da Comissão Europeia, que suspendeu a votação até ter nova proposta.

No Parlamento Europeu, houve 355 votos a favor da proibição do glifosato, 204 contra e 111 abstenções. A maioria dos deputados votou pela proibição por se opôr a uma prorrogação de 10 anos para a renovação do herbicida, exigindo restrições ao seu uso a partir de 2018 e pedindo uma proibição total até 2022.

Esta semana foram publicados os resultados de uma sondagem, realizada pela SumOfUs, que indica que a maioria dos cidadãos europeus quer ver a utilização de glifosato na União Europeia proibida.

A sondagem do grupo de consumidores europeus revela que grande parte dos cidadãos da Alemanha, França, Itália, Portugal e Grécia quer “a proibição imediata do glifosato, um pesticida encontrado no popular herbicida da Monsanto denominado ‘Roundup’, que tem vindo a ser associado a casos de cancro.”

Em 2015, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) confirmou o resultado das avaliações de risco anteriormente efetuadas pelas autoridades reguladoras ao glifosato e concluiu que o herbicida “não demonstra propriedades carcinogénicas nem mutagénicas e não tem qualquer efeito tóxico sobre a fertilidade, reprodução ou desenvolvimento embrionário”.

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Já este ano, foi a vez da Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) emitir o seu parecer em relação ao glifosato, considerando a substância “não cancerígena”.

Esta terça-feira (24 de outubro), a Associação da Indústria para a Proteção das Plantas (Anipla) enviou uma carta ao Ministro da Agricultura, Capoulas Santos, em que apelava a que este pudesse dar instruções de voto positivo aos representantes portugueses que participaram na votação comunitária para decidir a renovação da autorização da utilização do glifosato no espaço comunitário.

Para António Lopes Dias, Diretor Executivo da Anipla, “apesar de haver outras substâncias autorizadas para o mesmo efeito, não existe nenhum substituto direto, pelo que a sua retirada causaria grande transtorno na atividade agrícola, no ambiente e até para questões como a segurança e prevenção de incêndios nas florestas. Os herbicidas presentes no mercado, e cuja composição inclui o glifosato, são fundamentalmente produtos que, se aplicados de acordo com as recomendações, não apresentam riscos nem para o utilizador, nem para o consumidor, e ainda têm vantagens para o meio-ambiente, por permitirem a redução das emissões de carbono como consequência da menor utilização de meios mecânicos, na proteção dos solos para o grave problema da erosão em Portugal, na prevenção dos incêndios nas florestas, nas vias férreas e outras vidas de comunicação, e ainda na defesa dos parques naturais de espécies invasoras.”

Já David Norton, militante do SumOfUs, grupo de cidadãos europeus que faz várias campanhas no sentido de responsabilizar as grandes empresas, defende que “os europeus estão fartos do glifosato e disseram isso de forma clara e inequívoca. Agora, os governos devem defender com firmeza a agricultura progressiva e a segurança pública. Chega de extensões de licenças da UE ou meias medidas para acalmar os gigantes da indústria agroquímica. O povo de toda a Europa exige a proibição imediata do glifosato. A nossa sondagem também mostra que uma maioria significativa de cidadãos desconfia da independência da avaliação do risco por parte da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, no que se refere à utilização pública do glifosato, a qual ‘copia e cola’ análises, palavra por palavra, diretamente da Monsanto. Os cidadãos devem poder confiar nessas instituições para obterem informações precisas, mas este escândalo fez com que isso passasse a ser difícil. Mais de 1 milhão de europeus tomaram posição contra o glifosato, através da assinatura de uma petição oficial da UE a pedir a proibição, e está na hora de a nossa voz ser ouvida.”