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Agricultura

“Agora é que já não vai haver desculpas com a Europa”

Álvaro Amaro

O eurodeputado Álvaro Amaro defende “uma PAC com grande ambição, mas que não deixe para trás as regiões mais deprimidas”. No âmbito da primeira conferência do ciclo “A Agricultura como Setor Prioritário”, sobre o próximo quadro da Política Agrícola Comum e o período transitório que a antecede, o membro da Comissão da Agricultura do Parlamento Europeu sublinha que o “Governo tem de assumir a agricultura como prioridade” e adianta que “isso será visível já em 2021, através do nosso plano estratégico”.

“Agora é que já não vai haver desculpas com a Europa. Mais do que nunca, o sucesso ou insucesso depende das opções estratégicas do Governo”, salientou Álvaro Amaro.

 

O evento online contou também com a participação do antigo ministro da Agricultura, Arlindo Cunha, do presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, e do presidente da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas (CONFAGRI), Manuel Santos Gomes.

Eduardo Oliveira e Sousa sublinhou a “resistência em encarar a mudança de forma simples”, mas acredita numa “reforma que se adequa às necessidades futuras da agricultura europeia”. Para o presidente da CAP, a reforma vai permitir uma política “mais justa, mais equilibrada e mais abrangente, que garante que os agricultores que iniciam a atividade encontrem um conjunto de regras iguais aos seus pares”.

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Manuel dos Santos Gomes considera, no entanto, que “há setores bem mais afetados do que outros”, uma vez que “o corte no setor leiteiro pode chegar aos 72%”. O presidente da CONFAGRI defendeu ainda que “o caminho da convergência interna é inevitável, mas que deve ter a mesma intensidade que a convergência externa”. Caso não aconteça, isso “torna o processo muito injusto”, diz Santos Gomes.

Por sua vez, Arlindo Cunha estranha “não ver as preocupações com a economia no mesmo plano que as preocupações ambientais”. O antigo ministro da Agricultura salientou que “a sustentabilidade é uma dimensão incontornável do nosso desenvolvimento, mas a forma como a aplicamos não pode ser desequilibrada”, pelo que considera necessário “poder ajudar as amplas áreas do território que permanecem fora da elegibilidade para apoios da PAC”.

 

O eurodeputado do PSD chamou ainda a atenção para a necessidade de “soluções diferentes que respondam a problemas iguais de regiões diferentes”, pelo que, tendo em conta a ampla margem de manobra possibilitada no desenho dos planos estratégicos, “é preciso ter a coragem de fazer esta aposta”, concluiu Álvaro Amaro.