Realizou-se nos passados dias 28 e 29 de outubro, em Paris, mais uma edição do Wabel Grocery Summit, evento que junta retalhistas e fornecedores de marcas próprias para colocar em discussão as tendências de mercado no segmento dos produtos alimentares.
Na edição deste ano, estiveram presentes retalhistas como a Ahold, Auchan, Carrefour, Delhaize, Intermarché e Tesco e contabilizaram-se cerca de 1200 reuniões B2B. O evento foi também marcado por três conferências ministradas por especialistas do setor que partilharam números do mercado de produtos alimentares e insignts sobre as principais tendências do setor.
Derya Lawrence, Research Analyst do Euromonitor International, explicou que apesar de estarem bem estabelecidas em mercados maduros como a Europa, “as marcas próprias ainda têm muito para crescer em mercados emergentes”. De acordo com a especialista, “a preferência dos consumidores por marcas nacionais está a desvanecer, o que garante uma forte posição aos produtos de marcas próprias. Na maioria dos países, as marcas próprias continuam a aumentar.”
Derya Lawrence mostrou também que fatores como inovação e desenvolvimento de produtos premium ainda desempenham um papel crucial no mercado de marcas próprias, que tem sido sobretudo impactado por tendências como o comércio justo, as intolerâncias alimentares e a origem dos produtos.
Manon Dupré, Trends & Innovation Consultant da Mintel, focou a sua apresentação no precisamente no mercado dos produtos sem glúten. Segundo o especialista, o mercado dos produtos sem glúten “ainda está a experienciar um forte crescimento na Europa, especialmente em Espanha, que tem sido o líder na inovação neste segmento. França, Alemanha, Itália e o Reino Unido, por outro lado, são hoje os maiores mercados neste segmento.”
Para o especialista, na Europa, este crescimento tem sido impulsionado por uma maior rapidez no acesso à informação e pela procura e aumento das necessidades daqueles que por questões de saúde ou opção pessoal fazem uma dieta sem glúten.
Nos Estados Unidos da América, por outro lado, a expansão do segmento de produtos sem glúten está a ser motivada pela perceção de que estes produtos são mais saudáveis, com fatores como variedade e o controlo do peso a serem apontados como benefícios antes de fatores como a intolerância alimentar.
“Enquanto as empresas internacionalizam e trazem novos players para o mercado, existe ainda potencial para o desenvolvimento de mais marcas próprias de produtos sem glúten, nomeadamente de marcas com preços mais acessíveis”, referiu.
No que diz respeito ao futuro do setor dos produtos alimentares, Manon Dupré aponta como tendências emergentes uma nova geração de produtos sem cereais e dietas alimentares à base de produtos crus, frutos secos, fruta e vegetais.
Giorgio Grana, Sales Manager Southern Europe da Ingredion Incorporated, reforçou esta ideia e revelou que o segmento dos produtos sem glúten está aqui para ficar, com os consumidores cada vez mais interessados em experimentar este tipo de alimentos à medida que a sua variedade e perfil de sabor se vai diversificando.
“O segmento está a tornar-se ‘mainstream’ não só devido à procura por parte dos consumidores que são celíacos, mas sobretudo devido a consumidores que procuram ser mais saudáveis ou que querem perder peso”, defendeu.