Se o mundo não estivesse virado de pernas para o ar hoje seria dia de AgroIn e de celebrar a agricultura. Estaríamos a fazer o que mais gostamos: estar com a nossa gente a partilhar informação, discutir, colocar em perspetiva o futuro.
Se o mundo não estivesse virado de pernas para o ar, hoje seria também dia de entrega dos Prémios VIDA RURAL. E, entre eles, o Prémio Personalidade Armando Sevinate Pinto.

O AgroIn e os Prémios ficam para mais tarde. Havemos de nos encontrar e matar saudades. Mas mesmo com o mundo às avessas hoje é Dia do Livro e é também um ótimo pretexto para não deixarmos passar a homenagem que faríamos a Armando Sevinate Pinto. Deixo-vos as palavras do seu livro ‘O Cheiro da Terra’. Palavras certeiras, atuais, poéticas. E a melhor definição de agricultor que conheço.
“Ser agricultor é também vocação e sorte. É escolher uma profissão que dá sentido à vida, que dá prazer, liberdade e independência. Nem sempre independência financeira, mas quase sempre independência de caráter. Um caráter moldado com a ajuda da natureza, com a brisa fresca das manhãs, com o cheiro a terra, com os pores-do-sol que suavizam a vida dura dos campos e dão gratuitamente o alento suficiente para enfrentar o difícil dia-a-dia dos agricultores. Ser-se agricultor está longe de ser fácil e mais longe ainda da facilidade que os não agricultores julgam associada a esta profissão. Os candidatos a agricultores, aqueles que respondem ao chamamento da sociedade, ou à sua intuição pessoal, devem estar conscientes da dedicação, do esforço que lhe vão ser exigidos, mas também da existência da formidável energia positiva associada a uma das mais nobres, livres, úteis, gratificantes e independentes actividades humanas inseridas no processo produtivo e que tem o mérito de ser uma das poucas de que depende inteiramente a sobrevivência da nossa espécie”.