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Agricultura

O território

Que chatice

Vejo com agrado a diversificação cultural que tem transformado a agricultura portuguesa nos últimos anos. Quando comecei a trabalhar em jornalismo agrícola, há 23 anos, uma das constatações que mais me impressionou foi a comparação com os vizinhos espanhóis. Não pela sua capacidade produtiva, mas sim pelo número de diferentes culturas que dominavam e nas quais eram líderes de mercado. Mesmo ali ao lado, ao passar da fronteira, a diferença era abismal.

Em Portugal, à época, os dedos das duas mãos chegavam para contar as culturas core (e as explicações são muitas e implicam história, cultura e economia).

 

Olho com orgulho para enorme trabalho feito desde então. Na reconversão de métodos produtivos que permitiram fazer renascer culturas como o olival e o amendoal e dar-lhes competitividade. Mas também na aposta em culturas novas, sobre as quais pouco ou nada sabíamos e que hoje dão cartas nas nossas exportações. E outras de pouca expressão onde aposta está no valor.

Acontece que não chega. E que ainda há muito para fazer, num país com uma enorme área desertificada ou em risco de ficar. É preciso olhar para o território não como um problema, mas como uma oportunidade.

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O tema de capa desta edição é um exemplo disso mesmo. Haverá um país Europeu com maior potencial para a produção de frutos secos? Amêndoas, nozes, avelãs, pistácios? Se há mercado, e muito, se os preços são interessantes, acima de qualquer commodity, não há razão para não produzir. Retifico, há. O custo de investimento de um pomar de nogueiras ou aveleiras pode ser proibitivo para o comum agricultor. É por isso que, insisto, é preciso olhar para o território e pensar o que queremos dele. E se queremos mesmo que algo aconteça de produtivo e com racional económico, que chame pessoas e ocupe a paisagem, então temos de investir seriamente no apoio ao investimento em agronegócios. Isto implica uma estratégia (arrepios) consertada, global, que envolva muito mais do que alguns iluminados no Terreiro do Paço e arredores. Implica envolver as regiões, os poderes locais, as comunidades. E perceber, de uma vez por todas, que os fundos estruturais não servem só para fazer rotundas e piscinas municipais. Servem para dinamizar território em todas as suas dimensões. Agricultura incluída. Certo?

#agricultarcomorgulho

 

Artigo escrito para o editorial da revista VIDA RURAL de fevereiro