O Algarve está a atravessar, segundo as autoridades, a maior seca desde que há registo. De forma a resolver o problema, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) espera apresentar ainda este mês um plano de contingência, que poderá, por exemplo, reduzir o consumo de água em 70% para a agricultura.
“Este ano, no Algarve, estamos a atravessar a pior seca de sempre, nunca estivemos nesta situação, com os níveis mais baixos das reservas das albufeiras de sempre e a mesma coisa nas águas subterrâneas”, uma “consequência de dez anos de seca” contínua, aponta o vice-presidente da APA, José Pimenta Machado, em entrevista à Lusa.
O responsável admite que o plano de contingência vai penalizar mais a agricultura. No entanto, referiu as quotas ainda não estão definidas e serão articuladas com os atores locais.
“Estamos a desenhar um plano” de “avaliação contínua” e a “ouvir os setores – a agricultura, setor urbano, o turismo — e trabalhar com eles para definir” as ações a tomar, procurando “definir cortes de água, quer para o setor urbano, quer para o turismo, quer para a agricultura”, afirma o responsável.
Apesar disso, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, antecipa que a APA deverá propor regras para reduzir o consumo de água no Algarve em 70% para o setor agrícola e 15% para os consumidores urbanos, a partir de fevereiro.
“Se este ano chover o mesmo que no pior dos últimos anos, temos atualmente apenas água até ao final de agosto”, alerta António Miguel Pina. Segundo o autarca, as reduções no consumo previstas iriam permitir que a região tivesse água até ao fim do corrente ano.
O presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão (ARBSLP), João Garcia, em entrevista ao Público, explica que na situação atual, “com a água que temos, a produção está em causa, e estamos agora a fazer um esforço para conseguir salvar as culturas instaladas, as plantas”.
O responsável nota que o Governo vai transferir 2,5 milhões de metros cúbicos da barragem do Funcho para a de Arade para o setor agrícola. Valor insuficiente, uma vez que as “necessidades são de cinco milhões de metros cúbicos para salvar as plantas”.
Na próxima semana, será realizada uma comissão interministerial da seca e depois o documento com o plano deverá ficar fechado para ser apresentado na região. Algumas das medidas previstas são tornar potável a água do mar, através da primeira grande central de dessalinização para a zona de Albufeira, com capacidade para 16 milhões de metros cúbicos, e o transvase no Sotavento, com ligação entre o Pomarão e o Guadiana.