O Problad, biofungicida desenvolvido por investigadores portugueses a partir do tremoço, recebeu a autorização em Portugal para ajudar a prevenir as principais doenças fúngicas que afetam a videira (podridão-cinzenta-dos cachos e oídio), os pomares de frutos de caroço (moniliose), os arrozais (piriculariose), o tomateiro, a beringela e o morangueiro (podridão-cinzenta e oídio).
Segundo explicado em comunicado, o Problad é um novo conceito de fungicida natural à base de uma proteína obtida do extrato aquoso de sementes germinadas de tremoço doce (Lupinus albus), desenvolvido e patenteado pela CEV e comercializado em Portugal pela Lusosem, ambas PMEs portuguesas.
“Esta nova solução natural e 100% portuguesa é totalmente segura para os aplicadores e para o meio ambiente e não deixa resíduos nos produtos agrícolas. Tem um intervalo de segurança de zero dias e um intervalo de reentrada em campo de zero horas. Os agricultores podem aplicar o PROBLAD até à fase final do ciclo das culturas, sem risco de contaminação dos alimentos. O produto está autorizado em Agricultura Biológica”, apontam as empresas.
O biofungicida contém uma proteína como substância ativa, o que lhe confere eficácia não condicionada pelas condições climáticas em campo e rápida biodegradação no solo. Aliado a isso, possui um modo de ação multi-sítio, atuando ao nível da parede e membrana celular dos fungos e no interior da célula bloqueia o metabolismo através da inativação de múltiplas enzimas.
É um produto de contacto, mas também apresenta atividade translaminar, penetrando no interior dos tecidos vegetais. Integrado num programa de proteção de culturas, em alternância com outros modos de ação, a Lusosem explica que possibilita diminuir a probabilidade de desenvolvimento de resistências por parte dos fungos.
“Estamos muito otimistas com o lançamento do PROBLAD em Portugal, porque o nosso produto tem uma eficácia semelhante aos dos fungicidas químicos de síntese e, sendo um produto biológico, com excelente perfil de segurança para os utilizadores e o meio ambiente, pode ser integrado num programa de proteção de culturas, substituindo duas ou três aplicações de fungicidas convencionais, ajudando a reduzir o nível de resíduos nos alimentos e a probabilidade de desenvolvimento de resistência por parte dos fungos”, afirma o CEO da CEV, Hugo Batista.
Depois deste processo, uma das ambições da CEV é fabricar o biofungicida a partir de tremoço doce (Lupinus albus) produzido em Portugal e, para tal, tem em curso um projeto-piloto de 200 hectares, para testar a viabilidade agronómica e a produtividade do Lupinus albus em território nacional.