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CAP condena afirmações do Secretário-Geral do Conselho Nacional da Água

CAP condena afirmações do Secretário-Geral do Conselho Nacional da Água

O secretário-geral do Conselho Nacional da Água, Joaquim Poças Martins, alertou, em entrevista à agência Lusa, que a “água de graça” e subsídios dados aos agricultores “são perversos” e que é preciso “uma mudança de paradigma” na agricultura portuguesa. A CAP já reagiu à entrevista.

A CAP denuncia que “nenhuma destas afirmações é verdadeira. Tratam-se de acusações gratuitas, enganadoras, ilusórias e insultuosas, cuja conjugação e mistura apenas confunde as pessoas e adia o problema de proporções gigantescas que Portugal tem entre mãos”.

As afirmações de Joaquim Poças Martins

 

Na entrevista à Lusa, Joaquim Poças Martins alertou para o facto de a construção de barragens não ser uma solução no combate à seca. A solução passa por “adaptar as utilizações” de água à disponibilidade, “poupar, ser mais eficiente [no uso de água] e fazer contas”.

“Neste momento não podemos estar a pedir mais barragens enquanto os agricultores não forem eficientes na rega. Não podemos estar a fazer mais barragens e depois regar por aspersão em agosto”, defendeu também.

 

 

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Segundo o responsável, a rega em Portugal “não é feita de forma parcimoniosa” pelos agricultores porque não se fazem contas: “Em Portugal praticamente não se paga pela água [para a Agricultura] e não se mede a água e por aquilo que não se mede nem se paga, não se poupa”, afirmou.

“Os agricultores têm de ser mais eficientes na água, têm que escolher melhor as suas culturas. Por exemplo, como em Portugal os solos não são propícios para os cereais, que gastam muita água, Portugal praticamente não faz cereais e isso é bom, não podemos pensar que devemos ser mais autossuficientes em cereais porque não temos condições para isso”, apontou o secretário-geral do Conselho Nacional da Água.

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O responsável defende que deve ser dada uma maior importância à reutilização da água. “Nós temos uma quantidade de água gigante, água residual, que estamos a desperdiçar no mar, em que já gastamos 60 ou 70 cêntimos por metro cúbico para tratar, são 600 mil milhões de litros, que dá cerca de 400 milhões de euros por ano que estamos a atirar literalmente para o mar”, alertou.

“Se os agricultores pagassem mais pela água, seria económico reutilizar essa água que está neste momento a ser atirada ao mar. Tem que haver uma mudança de paradigma na agricultura, como houve há 20 anos com a água para abastecimento público”, explicou.

O secretário-geral do Conselho Nacional da Água alertou ainda que a Convenção de Albufeira “não é uma garantia” no combate à seca em Portugal.

“Neste contexto, de seca, a Convenção de Albufeira não é nenhum seguro, nenhuma garantia, porque se Espanha não tiver água para dar, não dá”, avisou, lembrando que o acordo entre Portugal e Espanha prevê um regime de exceção no caso de anos hidrológicos em que não seja atingido o mínimo de hectómetros cúbicos de água armazenada nas albufeiras espanholas estabelecidos pela Convenção de Albufeira.

A condenação da CAP

Na visão da CAP estão a ser proferidas “afirmações caluniosas, irresponsáveis, que desprezam os agricultores e o esforço do seu trabalho na produção de alimentos e na viabilização dos seus investimentos, revelando um profundo desconhecimento do sector, o que é muito grave atendendo ao cargo que exerce”.

“A temática da água, do seu bom uso e utilização como recurso, é um assunto levado muito a sério pelos agricultores e demasiado importante para se subordinar a declarações falsas e difamatórias de um único responsável, que para expressar a sua visão deturpada do sector agrícola, faz uma utilização abusiva do cargo institucional que ocupa”, defende a confederação.

O representante da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, vai apresentar uma declaração de protesto na próxima reunião (a realizar a 3 de outubro) do Conselho Nacional da Água, órgão independente de consulta do Governo português no domínio do planeamento e da gestão sustentável da água.

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Eduardo Oliveira e Sousa