A sustentabilidade ocupou grande parte do discurso dos convidados do primeiro dia das Conferências Enovitis que, este ano, decorrem em formato digital.
Um dos temas em análise foi a decisão sobre culturas de cobertura que têm diferentes mais-valias, entre elas precisamente a sustentabilidade ambiental. Rui Flores, gestor agrícola no Esporão, comentou que utilizam culturas de cobertura nas suas vinhas com diferentes conjugações e são evidentes os bons resultados, tais como “diminuição do risco de erosão, aumento da fertilidade, da biodiversidade, aumento de auxiliares, melhoria da estrutura do solo”. No entanto, nem tudo são rosas e apontou os espinhos esta técnica: “competição com a videira dos recursos hídricos e nutrientes, uma quebra de produção no início da utilização da cobertura, risco de incêndios”.
Paulo Carvalho Pereira destacou ainda a rica biodiversidade dos prados e pastagens em Portugal. O especialista em botânica defendeu que as plantas utilizadas em coberturas podem ser também elas indicadores da saúde do solo e das videiras e, por isso, disse que “tal como fazemos agricultura de precisão, podemos fazer uma ecologia de precisão” porque as espécies vão dar indicadores, por exemplo, sobre excesso de azoto ou potássio, pouca saúde do solo.
As castas minoritárias também tiveram em análise e alguns intervenientes, mais uma vez, falaram das mesmas relacionadas com a preservação ambiental se tivermos em consideração que são castas muito bem adaptadas aos solos, endógenas dos territórios.
A terminar o primeiro dia de conferências quisemos perceber como se gere a sustentabilidade na vinha e das adegas. O caminho é longo e há muito por onde atuar, mas com os diferentes oradores convidados percebemos que Portugal já dá passos consolidados neste processo de produzir vinho com pouca pegada ecológica. Esta melhoria ambiental é conseguida recorrendo a uma agricultura biológica, mas também à produção integrada. No campo, utilizam-se as últimas tecnologias para aferir as necessidades hídricas e de utilização de fitofármacos, enquanto na adega se otimizam processos para gastar menos energia e também água.
Duarte Lopes, da Fundação Eugénio de Almeida, comentou que “fazem mapeamento e monitorização da variabilidade parcelar, fizeram uma melhoria do sistema de tratamento de efluentes agrícolas” entre outras práticas.
Mais a norte, na região do Dão, Luís Leocádio, da Quinta do Cardo, tem apostado na agricultura biológica, utilizando gado para consumo de infestantes e que depois será fornecedor de estrume, não realizam mobilizações e garantem solos vem compostos. Vasco Rosa Santos, do Monte da Ravasqueira, acredita mais numa produção integrada e entre muitas medidas, por exemplo, têm um sistema de reaproveitamento da causa dos tratamentos precoces. Marta Mendonça, Fundação Porto Protocol, alertou para a necessidade de repensar o embalamento e transporte por forma a também aqui se reduzir a pegada carbónica. Gilberto Lopes destacou as várias ações que a Syngenta desenvolve junto dos produtores para ser uma empresa mensageira de boas práticas agrícolas.
As Conferências Enovitis continuam hoje, abordando temas como a diferenciação, o controlo em tempo real e ainda uma discussão sobre o uso de robots e inteligência artificial. Saiba tudo ao pormenor na próxima edição da Vida Rural.