O 8º Congresso Europeu de Jovens Agricultores, que teve como temática o papel dos jovens agricultores na segurança alimentar, premiou três projetos provenientes da Roménia, Áustria e Bulgária.
O Melhor Projeto Digital foi atribuído ao agricultor romeno Alin Luculeasa, pela utilização de drones para reduzir a utilização de fertilizantes e pesticidas. No vídeo de apresentação da candidatura, o jovem explica que, na exploração agrícola de cereais e oleaginosas detida pelo tio e o seu pai, conseguiu reduzir o consumo de fertilizantes em 15% e, em alguns casos isolados, conseguiu diminuir o consumo de pesticidas em 80%.
Já na categoria, o Projeto Mais Resiliente foi o agricultor austríaco Simon Kaiblinger a ser galardoado, pela combinação de produção de alimentos com piscicultura, através da aquaponia. Através deste método, os peixes produzem o fertilizante para as plantas que, por sua vez, limpam a água para os peixes. A produção de Simon Kaiblinger recebeu uma certificação que garante a qualidade e origem regional dos produtos. O agricultor juntou-se a um restaurante vizinho para a criação de uma gama de produtos vendida em lojas regionais.
Finalmente, a agricultora Desislava Kaburova, da Bulgária, recebeu o prémio Melhor Projeto de Promoção das Áreas Rurais. Produtora de hortícolas, cereais e frutas há 15 anos, a jovem emprega 21 pessoas de grupos vulneráveis e marginalizados da comunidade local.
O evento, organizado por cinco deputados do Partido Popular Europeu (entre eles, o eurodeputado Nuno Melo – fundador do evento), em parceria com a CAP e a ASAJA, trouxe 300 jovens agricultores ao Parlamento Europeu. A oitava edição, realizada a 7 de dezembro, foi a que teve mais candidatos, tendo 16 jovens agricultores da Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, República Checa, Alemanha, Grécia, Itália, Irlanda, Lituânia, Países Baixos, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia e Espanha apresentado os seus projetos.
No caso de Portugal, a comitiva presente de jovens agricultores seria de 80 pessoas, entre os quais o candidato português Henrique Regalado (que ganhou o prémio de Melhor Jovem Agricultor de 2022 em Portugal). No entanto, face à greve da TAP, entre os dias 8 e 9, que provocou o cancelamento de vários voos, não foi possível a presença dos jovens portugueses.
A importância dos jovens na segurança alimentar
“Atualmente o número de jovens agricultores está a descer preocupantemente . Apenas um em cada dez gestores agrícolas europeus tem menos de 40 anos”, declarou a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, numa mensagem gravada que abriu o evento.
A responsável notou ser “crucial que as políticas na PAC apoiem totalmente a renovação geracional, permitam caminhos de saída para agricultores envelhecidos e encorajem cooperação entre gerações”.
Sobre este mesmo assunto, o eurodeputado Nuno Melo, declarou que “o futuro da alimentação e da agricultura está nas mãos dos jovens agricultores europeus. Eles desempenham um papel crucial no desenvolvimento de um setor agrícola totalmente sustentável – um setor que apoia a luta contra as alterações climáticas e utiliza soluções inteligentes para fornecer alimentos seguros e de alta qualidade ao consumidor europeu. A capacidade inata dos jovens agricultores para inovar faz deles os competidores naturais na linha da frente da transformação do sistema agroalimentar”.
Por último, o Comissário Europeu da Agricultura, Janusz Wojciechowski, declarou que não existe um risco a curto e médio prazo na União Europeia para a segurança alimentar. O responsável notou que até ao final do ciclo da PAC, em 2027, não haverá qualquer problema de falta de alimentos. No entanto, é preciso ter atenção ao período após essa data.
Poderá ler, em breve, na revista VIDA RURAL, uma reportagem a explorar a fundo esta temática.
*O jornalista viajou para Bruxelas a convite do Partido Popular Europeu.