O anúncio do Governo relativamente ao alívio dos cortes de água na região algarvia foi visto pela ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável) “como um sinal de irresponsabilidade por parte do atual Governo”.
De acordo com o comunicado de imprensa, a Associação refere que, “tendo em conta que esta decisão é tomada numa altura em que o verão está à porta, durante o qual é expectável que ocorra um agravamento da situação de seca no país, em particular nas regiões mais a Sul e numa altura em que se desconhece como serão os primeiros meses do próximo ano hidrológico no que respeita aos níveis de precipitação, podendo colocar-se em causa a garantia do abastecimento público durante o próximo ano”.
Apesar da positiva evolução da situação hídrica no Algarve nos primeiros meses do ano, que reforçou as reservas da região, a ZERO alerta para o facto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ter anunciado recentemente que as reservas hídricas no sul de Portugal “apenas dispunham do volume necessário para garantir um ano de abastecimento público”.
Desta forma, “é com grande preocupação que a ZERO vê serem agora revogadas as medidas de restrição ao consumo de água, considerando este alívio como um sinal de irresponsabilidade do atual Governo que parece insistir na habitual implementação de medidas de curto prazo sem uma visão estratégica do problema e das suas possíveis soluções”, lê-se na nota de imprensa.
Já relativamente ao Governo ter anunciado a possibilidade de avançar com a realização de estudos destinados a avaliar o potencial hídrico de bacias hidrográficas do Algarve, nomeadamente a de Alportel, e avaliar disponibilidades hídricas subterrâneas, a ZERO defende que “representa uma clara cedência às pressões que têm vindo a ser exercidas para a implementação de medidas que garantam maior oferta de água para a agricultura, nomeadamente através da construção de novas infraestruturas de armazenamento de água, como é o caso da barragem da Foupana”.

Neste sentido, a Associação diz lamentar que o governo “prossiga numa lógica de atuação sobre o aumento da oferta de água, quando todos os cenários futuros apontam para uma continua redução dos valores anuais de precipitação, sem que se considere um verdadeiro reforço dos investimentos destinados a reforçar a eficiência hídrica”.
 Governo anuncia alívio das restrições ao consumo de água no Algarve