Uma paisagem agrícola diversificada ajuda a vida selvagem a prosperar nas explorações agrícolas, beneficiando tanto os agricultores como o ambiente, de acordo com um estudo da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura.
Segundo a análise, variados tipos de culturas e certas características não ligadas ao cultivo nas explorações agrícolas, bem como a forma como são organizadas, impulsionam ao surgimento de vida selvagem.
A investigação sugere que a abordagem ideal seria cultivar diferentes culturas, tais como vegetais, cereais e árvores de fruto, na mesma exploração, em diferentes tamanhos e disposições de campo, assim como ter características de paisagem seminaturais que não sejam culturas, tais como arbustos ou segmentos de flores silvestres.
Esta variedade aumenta o número de espécies animais e vegetais nativas, como polinizadores e predadores de pragas, em comparação com explorações agrícolas que possuem apenas um tipo de cultura numa paisagem única e uniforme.
A melhoria da biodiversidade surge porque a variabilidade nas culturas e nas características cria diversos ″mini-habitats″ para diferentes tipos de vida selvagem, explicam os investigadores.
Eleanor Slade, professora e uma das autoras do estudo, afirmou que ″esta descoberta tem implicações significativas no mundo agrícola e fornece informações valiosas para os decisores políticos e agricultores. Ao priorizar estratégias que promovam a heterogeneidade das culturas e da paisagem, as partes interessadas podem ajudar a preservar a biodiversidade e também a apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis”.

Os investigadores também acreditam que estas conclusões podem trazer uma abordagem mais apelativa e prática para os agricultores no que toca à conservação da biodiversidade comparativamente aos métodos atualmente existentes.
″A evidência é clara: a manutenção do sistema de apoio à biodiversidade para a produção de alimentos, energia e rações anda de mãos dadas com a aprendizagem de como diversificar as paisagens agrícolas a nível global”, referiu a professora Emily Poppenborg Martin e autora do estudo.
Ao analisar os resultados desta investigação e todos os resultados de estudos anteriores na área, os investigadores descobriram que uma variedade de culturas e elementos paisagísticos não agrícolas nas explorações “melhoram consistentemente a biodiversidade de vertebrados como aves e invertebrados como insetos, plantas herbáceas, polinizadores e predadores”.
Além disso, os autores do estudo avançam ainda que os resultados desta investigação podem ajudar a equilibrar os objetivos dos agricultores em obter lucros com as metas de sustentabilidade e objetivos ambientais.
“Por norma, os sistemas agrícolas são geridos para maximizar a sua produção no sentido económico, mas ao adaptar as práticas agrícolas e repensar a forma como integramos habitats agrícolas e não agrícolas, também podem ser geridos para minimizar as questões ambientais e maximizar serviços importantes como a polinização e o controlo de pragas que impulsionam a produção agrícola”, acrescentam os autores do estudo.
Os investigadores analisaram cerca de 6.400 terrenos agrícolas, monitorizados em 122 estudos anteriores realizados em 24 países da Ásia, Europa, América do Norte e do Sul.