A EntoGreen vai instalar uma bioindústria em Santarém que vai usar moscas soldado-negro para transformação de desperdícios vegetais em proteína para alimentação animal e fertilizantes, tendo, para isso, investido 10,7 milhões de euros, noticia o portal Dinheiro Vivo.
O presidente executivo da Ingredient Odyssey, dona da marca EntoGreen, Daniel Murta, disse à Lusa que o investimento, já em curso num edifício alugado na zona industrial de Santarém, vai criar 66 postos de trabalho e inclui uma unidade de investigação e desenvolvimento.
A bioindústria utilizará a mosca soldado-negro para converter, anualmente, 36 000 toneladas de subprodutos vegetais em 2 500 toneladas de proteína e 500 toneladas de óleo de inseto, para a alimentação animal, e 7 000 toneladas de fertilizante orgânico, para os solos.
Daniel Murta salientou que, apesar de ir produzir 2 500 toneladas de proteína de inseto por ano, este valor representa “uma quota muito pequena das necessidades de proteína para alimentação animal em Portugal”.
Há uma década a trabalhar no projeto, Daniel Murta afirmou que o investimento vai permitir criar uma unidade industrial “em larga escala” em Portugal.
Recorde uma entrevista de Daniel Murta em 2019, à VIDA RURAL, em que revelava a intenção de criar esta unidade industrial.
Destino da ração animal e dos fertilizantes orgânicos
A indústria das rações para animais será o principal mercado para os primeiros produtos da EntoGreen, que serão integrados na alimentação para peixes, aves, suínos e animais de companhia.
Já os fertilizantes orgânicos terão como destino produções agrícolas, nomeadamente de hortícolas, permitindo reduzir a percentagem de importações realizadas atualmente neste setor.
A produção da unidade irá substituir parcialmente a farinha de peixe importada, mas a expectativa é que o processo seja replicado, disse Daniel Murta, adiantando que a Ingredient Odyssey procura “ativamente” parceiros internacionais, pois, para resultar, é necessário ganhar escala.
“Se houve uma coisa, das muitas que aprendemos o ano passado devido à pandemia, é que a Europa está dependente do resto do mundo no que a fontes de proteína para a alimentação animal diz respeito”, afirmou.
Para Daniel Murta, conseguir uma fonte proteica, obtida localmente, “ainda por cima gerada através de processos circulares e sustentáveis, é chave” para aumentar a independência e a resiliência do setor.