Um ensaio promovido pelo Rhizolab, laboratório de rizobactérias da Universidade de Aveiro, e a Tecniferti, fabricante nacional de fertilizantes líquidos para a agricultura, revelou que a aplicação de microrganismos promotores de crescimento no tomate para indústria pode aumentar a produtividade até 41%.
Segundo explicado em comunicado, os resultados obtidos em 2023, nos campos de demonstração da Agroglobal, em Santarém, indicam ainda que é possível diminuir os efeitos do stress ambiental (ex: temperaturas elevadas) nas plantas (como ficou evidenciado através de biomarcadores como a prolina).
Em geral, só uma parte da fertilização aplicada é absorvida pelas plantas e as alterações climáticas acentuam este problema, conduzindo à diminuição da produtividade das culturas agrícolas. Os microrganismos testados neste ensaio demonstraram promover o crescimento, o que estará ligado à maior capacidade de as plantas obterem nutrientes essenciais como o azoto e o fósforo, conduzindo ao aumento da produtividade com os mesmos níveis de fertilização.
“Analisámos parâmetros morfométricos e verificámos que a aplicação dos microrganismos aumentou não só o peso total da planta, entre 3% e 42%, como também a sua produtividade, ou seja, o peso dos frutos por planta, entre 6% e 41%. No que se refere aos parâmetros bioquímicos, ligados à performance das plantas, comprovámos aumentos no teor de clorofila e de prolina nas folhas, que protege a planta do stress. Alguns parâmetros bioquímicos analisados refletem alterações na composição nutricional dos frutos com maiores níveis de açúcares, amido e licopeno e diminuição de acidez”, explica Etelvina Figueira, investigadora da Universidade de Aveiro (UA), responsável pelo Laboratório de Rizobactérias, e a coordenadora científica do estudo.
Os investigadores da Universidade de Aveiro selecionaram, entre várias centenas de microrganismos recolhidos na natureza em Portugal e testados no laboratório do Rhizolab, consórcios que incluem fungos do género Trametes (degradadores de matéria orgânica), bactérias fixadoras de azoto em vida livre e bactérias solubilizadoras de fósforo.
As plantas de tomate foram inoculadas com estes microrganismos, poucos dias após a plantação, no mês de maio, e foi-lhes aplicado um regime de fertilização com fertilizantes líquidos Tecniferti, nomeadamente da gama Fulvicot que é rica em ácidos fulvicos.
A metodologia do ensaio consistiu no estudo de seis condições de inoculação, mais o controlo (sem aplicação de microrganismos), com cinco réplicas.
O campo de demonstração de variedades de tomate na Agroglobal, numa área útil de 4,98 hectares, obteve os seguintes resultados: 765 toneladas de peso total de tomate colhido; 723 toneladas de peso pago pela fábrica de tomate transformado; 91,4% de tomate de Categoria A; 4,53 de brix médio dos frutos, informa a organização de produtores Torriba. O ensaio com os microrganismos decorreu numa área mais restrita da parcela.
“O objetivo desta parceria entre a UA e a Tecniferti é desenvolver um produto inovador, bactérias em estado líquido para pronto uso, que aumente a capacidade dos nossos fertilizantes de potenciar o crescimento e o desenvolvimento das culturas agrícolas, reduzindo a pegada de carbono da fertilização”, acrescenta João Lourenço, diretor da Tecniferti.
O estudo tem como base um protocolo de colaboração entre as duas entidades para investigar os efeitos da aplicação de microrganismos promotores de crescimento nas plantas.