Organizações da agricultura familiar defendem a reabertura dos mercados, para permitir o escoamento dos produtos, bem como acesso dos lavradores às cadeias de supermercados.
“O Governo tem de intervir para assegurar que os pequenos e médios agricultores possam aceder às grandes superfícies comerciais”, refere Isménio Oliveira, coordenador da Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO), uma das filiadas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), citado pela agência Lusa, na publicação Sapo24.
O coordenador acrescentou, ainda, que a valorização da agricultura familiar portuguesa, representada pela CNA, pode contribuir para “reduzir as importações” de produtos alimentares e que, atualmente, “os agricultores não têm possibilidade de aceder aos supermercados para escoar os seus produtos”, apelando ao Governo por “medidas urgentes para que a situação se resolva”.
O dirigente da CNA, João Dinis, explicou que, no plano alimentar, Portugal se encontra “numa completa dependência” das importações, incluindo de sementes de milho e arroz, entre outros, além de componentes para a produção de rações para animais.
“A alimentação animal é a pedra de toque das políticas agrícolas e dos mercados de bens alimentares internacionais”, acrescentou, declarando que “uma crise alimentar era só o que nos faltava” e apelando a políticas que evitem “a especulação e a escassez” de bens alimentares.
Em Góis, distrito de Coimbra, a Cooperativa Social e Agroflorestal de Vila Nova do Ceira considera que a crise não afetou os negócios e os serviços de apoio aos seus associados.
“Em março, por incrível que pareça, até aumentámos o volume de vendas em 7.000 euros”, disse o presidente da instituição, Joaquim Dias, também em declarações à Lusa.
Em março de 2019, o volume de negócios desta cooperativa foi inferior a 30 mil euros um ano registou um aumento para cerca de 36 mil euros.
“As pessoas estão mais em casa. Provavelmente, estão mais preocupadas com o que possa vir aí e querem acautelar o futuro”, explicou Joaquim Dias.
A cooperativa emprega 10 trabalhadores que trabalham em dois “turnos”, cinco cada semana, com um horário de funcionamento ajustado ao abrigo do plano de contingência da empresa.
“O Governo devia dar um apoio efetivo nestas situações”, uma espécie de lay-off ao contrário” e a Segurança Social “podia pagar um terço de cada salário”, sugeriu Joaquim Dias.