O índice de preços globais dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) atingiu o valor mais baixo em um ano. Após 12 meses de queda consecutiva, o índice está nos 126,9 pontos, 20,5% abaixo do seu pico em março de 2022. É também o valor mais baixo desde julho de 2021 (124,6), mas continua superior à média desse ano (125,7).
As quebras nas cotações mundiais para os cereais e óleos vegetais explicam a queda de 2,1% em março, face ao mês anterior.
O preço dos cereais caiu 5,6% em relação a fevereiro, com os preços internacionais do trigo a registar uma quebra de 7,1%, pressionados pela forte produção na Austrália, melhores condições das colheitas na União Europeia, alta oferta da Rússia e exportações contínuas da Ucrânia.
Já os preços mundiais do milho caíram 4,6%, em parte devido às expetativas de uma colheita recorde no Brasil, enquanto os do arroz diminuíram 3,2% face a colheitas contínuas ou iminentes nos principais países exportadores, incluindo Índia, Vietname e Tailândia.
Já os óleos vegetais viram os seus preços diminuírem 3% face a fevereiro e a alcançar uma quebra de 47,7% face aos valores em março de 2022. Os preços da soja, colza e óleo de girassol desceram devido a uma oferta mundial ampla e uma procura para importação moderada. A cotação do óleo de palma subiu devido à menor produção no Sudeste Asiático, causado pelas inundações, e às restrições temporárias de exportação impostas pela Indonésia.
“Embora os preços tenham caído a nível global, ainda são muito elevados e continuam a aumentar nos mercados internos, colocando desafios adicionais à segurança alimentar. Isto é particularmente verdade nos países em desenvolvimento que são importadores líquidos de alimentos, com a situação agravada pela depreciação das suas moedas face ao dólar americano ou ao euro e o aumento do peso da dívida”, sublinhou o economista-chefe da FAO, Máximo Torero.
O índice de preços dos laticínios caiu 0,8% em março. Os preços da manteiga aumentaram devido à sólida procura de importação, enquanto os do queijo diminuíram devido a compras mais lentas por parte da maioria dos principais importadores na Ásia, bem como devido ao aumento do stock nos principais exportadores.
Finalmente, na carne o preço subiu 0,5%. As cotações internacionais da carne bovina subiram, influenciadas pelo aumento dos preços internos nos Estados Unidos da América, devido às expetativas de menor oferta no futuro. Os preços da carne de suíno subiram devido ao aumento da procura na Europa. Apesar dos surtos de gripe aviária em vários grandes países exportadores, os preços mundiais da carne de aves de capoeira caíram pelo nono mês consecutivo devido à fraca procura global por importações.