A agricultura de carbono oferece “potencial significativo na Europa para mitigar as alterações climáticas e trazer outros benefícios”. É esta uma das conclusões do estudo do Policy Department for Economic, Scientific and Quality of Life Policies, encomendado pelo Parlamento Europeu, nomeadamente a Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar (ENVI, na sigla em inglês).
Entre os benefícios relatados estão impactos positivos na biodiversidade, a água, a saúde do solo e o bem-estar dos animais, assim como melhorias de produtividade, de custos reduzidos e de uma maior resiliência das explorações agrícolas. No entanto, a investigação nota que “algumas práticas de criação de carbono podem ter impactos negativos e conduzir a compensações (por exemplo, para a saúde dos solos, a biodiversidade ou o bem-estar dos animais)”. Dessa maneira “deve ser concebida com salvaguardas e incentivos que favoreçam ações com múltiplos benefícios”.
Além disso, desafios como o custo e a exatidão do processo de verificação que e quanto está a mitigar, assim como a libertação intencional ou involuntária do carbono sequestrado e armazenado são duas das questões que o estudo nota serem “fundamentais” de resolver. Adicionalmente, para os responsáveis pela investigação, “a mitigação da produção de carbono deve ser adicional e não deve reduzir a ambição climática noutros setores”.
O estudo nota que existe uma “incerteza científica considerável em torno da escala do potencial”. Dessa maneira, a investigação sugere que devem ser financiados estudos que tenham “uma abordagem integrada e a nível do sistema, considerando as interações entre diferentes opções de criação de carbono, barreiras à absorção, interações com alterações nos padrões de consumo e impactos noutros objetivos ambientais e socioeconómicos”.
Recorde-se que a agricultura de carbono se refere a práticas de gestão agrícola que visam a mitigação das alterações climáticas na agricultura, através da remoção de carbono (sequestro e armazenamento permanente de carbono nos solos e biomassa), emissões evitadas (prevenindo a perda de carbono já armazenado) e reduções de emissões (isto é, reduções de GEE abaixo dos níveis atuais de emissões agrícolas).
A Comissão Europeia pretende, no próximo ano, desenvolver um quadro regulamentar para a certificação da remoção de carbono.