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A biomassa é o ovo de Colombo em Portugal

Depois do biodiesel e do bioetanol, chegou a vez da biomassa entrar nas luzes da ribalta. Só a Nutroton Energias tem planos para construir quatro centrais a curto prazo, com acordos já firmados com proprietários florestais para abastecimento de matéria-prima. Em entrevista à Vida Rural, Luís Marques Mendes, administrador desta empresa, explica que “só num país de doidos é que não aproveitamos a oportunidade deste negócio fantástico”. E avisa que chegou o ciclo da biomassa em Portugal.

Na génese do grupo Nutroton está a actividade avícola. O investimento em energia tem a ver com uma oportunidade de negócio nesta área ou resulta da necessidade de aproveitar os resíduos de aves?

Eu diria que as duas coisas são complementares. A Nutroton Energias é uma empresa que investe no sector das renováveis, seja biomassa, eólica, fotovoltaica ou hídrica.

É uma nova oportunidade de negócio e temos já hoje, nesta área, um know-how muito significativo. Neste momento estamos a construir dois parques solares fotovoltaicos na ilha da Madeira. Temos uma experiência muito especial no domínio da biomassa, justamente pela razão que invocou, devido à necessidade de aproveitar dejectos dos resíduos da avicultura. Ou seja, o grupo tentou resolver um problema transformando-o numa oportunidade. Têm surgido ao longo dos anos várias soluções com vista a aproveitar vários tipos de dejectos para fazer energia. Temos um corpo técnico muito especializado no domínio da biomassa e neste momento estamos a fazer aquela que provavelmente é, em Portugal, a única grande experiência de investigação no sentido de testar uma nova tecnologia associada à biomassa, a tecnologia da gasificação por alternativa à combustão…

 

Mas com dejectos agrícolas?

Sim. Este projecto de investigação tem uma dimensão significativa, é um investimento da ordem dos seis milhões de euros, e já está no terreno, com uma pequena central construída, ligada à rede e a produzir energia, localizada em Tondela. É um processo aprovado no âmbito do QREN, com o apoio de várias Universidades e de vários tecnólogos, quer nacionais quer internacionais. Estão a ser utilizados dejectos agrícolas para testar esta nova tecnologia, chamada gasificação. É uma alternativa à tradicional combustão e, se tiver resultados positivos, será muito mais eficiente quer do ponto de vista da produção de energia, quer do ponto de vista ambiental…

É uma tecnologia diferente, moderna, que no plano das universidades é muito conhecida mas que não está ainda no mercado.

 

Mas a ideia é produzir vapor?

Também. O objectivo em primeiro lugar é produzir energia de uma forma mais eficiente. Ou seja, com a mesma matéria-prima produzir mais energia e produzi-la, sobretudo, com maior eficiência ambiental.

 

Com o mesmo custo do sistema tradicional ou mais barato?

Também aí com muito maior eficiência. O que quero dizer com este exemplo é que fazemos uma aposta tão forte na biomassa, acreditamos e valorizamo-la tanto como uma boa oportunidade de negócio, que já não nos limitamos ao tradicional, que é construir centrais, e estamos a investir na investigação, coisa que pouca gente faz em Portugal. Costumo dizer que nos discursos toda a gente fala da necessidade de ligar mais as empresas às universidades, mas nós não estamos a dizê-lo, estamos a fazê-lo…

 

Quem são os vossos parceiros neste projecto?

É um projecto eminentemente nosso, mas estamos a trabalhar com um tecnólogo holandês. E participaram várias universidades, caso do Instituto Superior Técnico com quem temos um acordo de parceria e cooperação que assinamos há dois anos. Este é apenas um exemplo…

 

Estava a dizer que já há uma unidade em Tondela que está a testar energia com esta tecnologia. A ideia é colocar a energia na rede ou alimentar a vossa indústria?

Neste momento está ligada à rede para testes. Mas se os resultados forem positivos segue-se a transformação desta energia em termos comerciais.

 

Não haverá utilização nas vossas indústrias?

Se esta tecnologia ficar aprovada, e até ao final deste ano isso será analisado e decidido, vamos poder utilizar esta tecnologia nas centrais que vamos construir, e vamos construir várias, quer de biomassa florestal quer de biomassa animal. Mas também venderemos esta tecnologia para outros investidores em biomassa em Portugal e no estrangeiro. Se esta experiência correr bem será uma vantagem para nós. 

 

Este projecto tem dois anos…

Tem dois anos do ponto de vista da preparação. Na execução é mais recente, foi lançado no final do ano passado.

 

Quando prevê a conclusão?

O mais tardar, no final de 2010, é isso que está previsto. Isto é importante, porque a Nutroton Energias é a empresa em Portugal que mais licenças tem para construir centrais de biomassa, quer florestal quer animal.

 

Serão quantas centrais?

Uma central em Viseu, uma em Anadia, uma em Rio Maior e outra em Pombal. E temos em fase de licenciamento uma na Madeira. Apostamos fortemente na biomassa por algumas razões muito simples, mas muito importantes: primeiro, porque a biomassa é um projecto importante em termos de criação de energia. Para ter uma ideia, um parque solar fotovoltaico pode produzir, no máximo, 2000 horas de energia, um parque eólico, muito bom, pode produzir no máximo 3000 horas de energia por ano… mas o ano tem mais de 8000 horas, o que significa que estes projectos produzem, no máximo, um terço do que é possível. Uma central de biomassa, bem planeada, e se dispuser de matéria-prima, pode funcionar 8000 horas por ano. Isto, do ponto de vista da energia renovável, é um contributo importante para aumentar a quota da renovável, é um dado que pouca gente conhece mas é tão óbvio quanto isso. Em segundo lugar, uma central de biomassa tem um contributo importantíssimo para a criação de riqueza e de emprego. Um parque eólico ou fotovoltaico, com todo o respeito que esse equipamento nos merece, e nós também estamos a investir nessa área, não cria um posto de trabalho. A biomassa cria, directa e indirectamente.

 

E no vosso caso em regiões do interior…

Essa é a terceira razão. As centrais de biomassa que estão previstas, quer no nosso caso quer de outros investidores, estão eminentemente localizadas no interior do país. Ou seja, são um instrumento de desenvolvimento regional, o que de modo geral não acontece com outros investimentos na área da energia. Aqui tem três razões decisivas que do nosso ponto de vista justificam uma aposta grande na biomassa. Uma última. Um projecto eólico ou fotovoltaico é financeiro. Numa altura em que os bancos têm pouco dinheiro para emprestar e não querem correr riscos, não há banco nenhum que não queira financiar um projecto fotovolatico ou eólico, são projectos praticamente sem risco. A biomassa é diferente, é um projecto industrial, e penso que Portugal precisa de um tecido produtivo forte. É uma indústria moderna, porque temos em Portugal uma espécie de ‘petróleo verde’ que é a floresta. E não faz sentido estarmos nesta situação absurda de termos biomassa e, em vez de a utilizarmos cá nas nossas centrais, estarmos a exportá-la para Espanha e para Itália. No domínio da biomassa animal, que é uma área ainda menos conhecida, temos um problema sério em algumas regiões do país, ambiental e de saúde pública. Podemos actualmente, com a moderna tecnologia, transformar esse problema numa oportunidade de produzir energia e resolver um drama dos avicultores e suinicultores…

 

Esta biomassa animal não tem de ser necessariamente de origem avícola, podem ser dejectos de suinicultura ou bovinicultura…

É possível provir de várias áreas, isso tecnologicamente está testado.

 

Com os mesmos rendimentos?

Pode ter rendimentos diferentes, mas no essencial é uma boa oportunidade de negócio e, acima de tudo, a resolução do problema. E resolver o problema ambiental é positivo para toda a gente. Veja, por exemplo, a zona do Oeste e de Leiria onde se concentra muito esta actividade. As nossas centrais de biomassa animal são nessa região, uma em Leiria e outra em Rio Maior. Ajudamos os produtores, que não sabem o que fazer, e para nós é bom porque produzimos energia amiga do ambiente.

O mesmo diria do lado da biomassa florestal. Qual é hoje a grande queixa quando vemos incêndios florestais? Que os proprietários não limpam as matas porque a floresta tem pouco valor económico. E se eles já tiram pouco valor da floresta, não estarão interessados em gastar dinheiro com as massas, e todos os verões assistimos à perda de floresta. Esta é também a oportunidade de dar valor económico à floresta. Costumo dizer que só num país de doidos é que não aproveitamos a oportunidade deste negócio fantástico, que é a floresta que temos, e investimos em centrais de biomassa. Porque é que os nórdicos o hão-de fazer em grande força, e os ingleses e franceses, e nós só agora estamos a dar os primeiros passos e perdemos tantos anos? Às vezes não dá para entender…

 

Os produtores florestais têm algumas reservas acerca da sustentabilidade da biomassa florestal. Pode haver uma bolha de matéria-prima devido ao nemátodo e aquilo que alguma indústria está a absorver é madeira e não resíduos florestais resultantes das tais ‘limpezas’…

Duas observações que desmontam esses argumentos. Primeiro, não se pode dizer que as centrais de biomassa estejam a usar madeira pela simples razão de que ainda não há centrais de biomassa… Segundo ponto, o que está previsto na lei, e nos contratos com os investidores que eventualmente vão construir centrais de biomassa, é que a utilização não é de madeira mas sim de biomassa florestal. Se na prática se substituir por madeira, esse é um problema que carece de fiscalização. Nos contratos que existem, e que já assinámos, existem penalizações fortes se isto não for cumprido. Conheço muito bem essa crítica de que vamos usar madeira e prejudicar a indústria do mobiliário e da celulose e fazer subir o preço da madeira e do papel. Não é isso que está previsto, nem é essa a nossa intenção. O que está previsto é utilizar biomassa florestal residual…

 

E o que é que entende por biomassa florestal residual?

Desperdícios de limpezas. Madeira é que não pode ser. Se alguém prevaricar e usar madeira isso é um problema de fiscalização do Estado. No contrato que assinámos com a Direcção-Geral de Energia existem penalizações e não são pequenas, porque são descontos à tarifa e no limite até se pode perder a licença. Não posso garantir que toda a gente vai cumprir religiosamente a lei, mas há uma coisa que posso dizer, as penalizações são fortes…

 

E como é que pensa angariar a matéria-prima? Vão fazer acordos com organizações de produtores florestais?

Sim, e dou-lhe um exemplo concreto. Para a central de Viseu, que é a que está em fase mais avançada, já temos vários contratos assinados com proprietários florestais, designadamente com Juntas de Freguesias, Comissões de baldios e alguns particulares. Temos cerca de 100 contratos assinados com proprietários florestais de nove concelhos, no distrito de Viseu e da Guarda. Há meses, numa deslocação que fiz a todos estes concelhos, reuni com as Juntas de Freguesia de cada um desses concelhos e vi com satisfação que todos manifestam o desejo de cumprir estes contratos e há muitos outros que se disponibilizaram para o fazer. O que significa que há ainda aqui uma oportunidade. A ideia de que se vai dar cabo da floresta e da indústria é falsa, só estamos aqui para valorizar, não tenhamos medo de avançar. O problema da biomassa não é esse, é outro…

 

Qual?

É sobretudo um problema de valor da tarifa. Os preços no domínio eólico e fotovoltaico estão bem, no essencial. Eu não o alinho nas reacções corporativas que existem no sentido de subir a tarifa para a eólica e fotovoltaica, acho que estão adequadas porque o custo do equipamento nessas áreas tem vindo a baixar. A biomassa é um caso diferente, toda a gente entende. Temos a tarifa mais baixa da União Europeia…

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Estamos a falar de que valor?

Na biomassa florestal 109€/MW/h. Como disse, é a tarifa mais baixa da União Europeia e substancialmente mais baixa que a vizinha Espanha…

 

Qual é o valor em Espanha?

Pode ir até 140€. Como várias das centrais que estão previstas são junto à fronteira, isso pode induzir uma concorrência desleal com Espanha. Mais grave de tudo, e pouco falado, há uma desigualdade com as centrais da EDP. Um exemplo em concreto: a EDP tem a sua central mais antiga em Mortágua, e em 2012/2013 vai ter aí uma tarifa na ordem dos 125€/MW/h. Nós estamos a construir uma central em Viseu, a 20 ou 30km de distância e, na mesma data, teremos 109€. É uma diferença significativa, e esta desigualdade tende a ser atenuada.

E os bancos, que hoje estão sempre disponíveis para financiar energias renováveis, porque o risco é pequeno, na biomassa ‘torcem o nariz’ por causa desta desigualdade tarifária. Se não se fizer nada corre-se o risco de os bancos não financiarem e os projectos não saírem do papel.

 

Mas é um problema de financiamento ou os projectos não são rentáveis com as actuais tarifas?

As duas coisas estão ligadas. O banco não financia porque com estas tarifas a rentabilidade é baixa. Em project finance, a rentabilidade é importante do ponto de vista do accionista e investidor, mas também do ponto de vista do banco…

 

Está a dizer-me que os seus projectos estão parados por falta de financiamento?

Não… mas agora falo noutra qualidade, já não como administrador executivo da Nutroton Energias, mas como presidente da recém-criada APEB [Associação de Produtores de Energia e Biomassa], uma entidade nascida há cerca de três meses que representa os interesses das empresas de biomassa e de todos os investidores em biomassa…

 

Sentiam-se à parte no mercado das alternativas?

A biomassa tem sido um parente pobre das energias renováveis em Portugal, basta ouvir os discursos dos governantes. O novo secretário-geral da Energia colocou um enfoque grande na biomassa, o que é muito positivo, mas anteriormente não era assim, e este sector tem especificidades muito grandes relativamente às outras renováveis. Fui designado presidente desta associação e tenho estado em reuniões com o Governo com vista a resolver este problema tarifário que pode ser, neste momento, o último grande obstáculo mas podermos entrar no ciclo da biomassa, que considero indispensável para o país e para viabilizar as centrais de biomassa. Neste momento não há certezas nenhumas, mas tenho registado com enorme satisfação o grande espírito de abertura para resolver a questão.

 

Falou da biomassa florestal e animal. Vê outras oportunidades de aproveitamento de matérias­-primas, nomeadamente resíduos da agro-indústria?

Pode haver. Temos abertura, e bastante experiência, mas no domínio da biomassa o importante é passar à prática e construir centrais, e isso infelizmente ainda ninguém fez.

Provavelmente vamos ser os primeiros a construir. Isto tem a ver com as prioridades de que falávamos há pouco. A nossa próxima prioridade é construir a central de Viseu e digo-lhe, quase em primeira-mão, que em princípio vamos fundir a central de Anadia com a de Viseu. São ambas licenças de 5?MW e vamos fundir numa só de 10?MW, que ficará em Viseu, com outra dimensão, menos custos logísticos e maior rentabilidade. A Direcção-Geral de Energia já autorizou esta fusão e até ao Verão deste ano iremos lançar esta central. Estamos a iniciar os contactos com a banca e estamos também a fazer consulta ao mercado para ver custos de equipamento. Provavelmente vai ser a primeira grande central a ser construída em Portugal.

 

Os contratos já assinados são suficientes para as futuras necessidades da central ou precisam de mais?

O que temos assegurado é o mínimo indispensável para os primeiros anos, mas vamos alargar, e muitos têm chegado até nós para fazer novos contratos.

 

Estão a privilegiar associações de baldios e Juntas de Freguesia e não organizações de produtores florestais?

Não, depende das zonas. Associações também, mas tem a ver com a estrutura fundiária em cada zona. Já propusemos ao Ministério da Agricultura a hipótese de, na zona de Viseu, fazermos uma experiência piloto de, conjuntamente com Estado, autarquias e proprietários florestais, passarmos a ser os responsáveis pela exploração florestal de toda aquela zona. Sob regras definidas pelo Estado, de forma a rentabilizar toda aquela mancha florestal, o que seria óptimo para todos. Para nós, do ponto de vista da obtenção de mais matéria-prima para abastecer a central. Para os proprietários, porque evidentemente que os associados conseguem melhor condições de rentabilidade do seu negócio do que individualmente. E para o Estado, porque normalmente os privados sabem explorar melhor e podem remunerar o Estado nesta função. É uma ideia que estamos a discutir. Aqui se vê que há nesta área uma excelente oportunidade de negócio. Sem esquecer que temos uma estratégia de tal forma consistente nesta área, que adquirimos recentemente uma participação significativa na Floponor, uma empresa que há muitos anos se dedica ao negócio da floresta e que hoje em dia abastece de biomassa centrais da EDP…

 

É uma empresa de tratamento de resíduos…

Não apenas, o negócio deles é a floresta e têm um know-how significativo. O nosso não é floresta, é a tecnologia associada à biomassa…

 

Querem tornar-se proprietários florestais?

Isso não, de todo. Queremos é, no domínio da biomassa, ter as três condições indispensáveis para ter sucesso: músculo financeiro, domínio da tecnologia e domínio da componente do abastecimento. Um investimento em biomassa é muito caro…

 

Quando fala em muito caro, estamos a falar de investimentos de que ordem?

Em cerca de 3 milhões e/MW. Numa central de 10MW investimos cerca de 30 milhões de euros. Só que não temos apenas uma para construir. Na biomassa não se podem fazer experiências sem consistência financeira. Temos um grande domínio da tecnologia mas faltava-nos a componente do abastecimento.

 

A Floponor é também ‘dona’ de floresta. Ao adquirirem 50% da empresa estão a tornar-se proprietários florestais…

Sim, mas não é com o objectivo do negócio da floresta.

Mas o que pergunto é se, por uma questão de segurança do abastecimento, pretendem alargar este tipo de investimento em floresta?

Sim, qualquer banco que nos financie fica com mais garantias e o Estado fica com a certeza que isto não é uma brincadeira. Significa que temos muito mais segurança do que quem não domina essa área e anda ‘às apalpadelas’…

 

Vão continuar com esta estratégia e comprar mais empresas do género?

Isso não, porque consideramos que esta intervenção já nos garante ter um projecto com cabeça, tronco e membros. Não vê nenhum grupo em Portugal a dominar estas três áreas. Porque em Portugal, há uns anos atrás, algumas pessoas excitaram-se muito com a biomassa mas quando passaram do projecto no papel à concretização não aconteceu nada. A sensação que tenho é que muita gente fala de biomassa, mas não sei se vão ser muitos os que vão investir. Nós vamos.

 

O que está a acontecer agora com a biomassa, esta explosão de intenções de projectos, já aconteceu há poucos anos na área dos biocombustíveis e não vingou. Foi uma bolha e parou tudo. Não receia que possa acontecer o mesmo com a biomassa?

Não tenho esse receio porque quem não tiver a sua estratégia estruturada nos moldes em que referi, sobretudo com o domínio do abastecimento, não vai ter sequer financiamento para construir…

 

Mas não foi o abastecimento ou o financiamento que falhou nos biocombustíveis…

Sim, mas já assentou a poeira. A excitação na biomassa já existiu quando o Governo lançou um concurso em 2006. Nessa altura a quantidade de concorrentes com pouca experiência em biomassa que apresentou candidaturas foi brutal. Mas quando se chegou à fase de assinar contratos, com cauções a depositar e penalizações a sofrer caso não se cumpram os contratos, restaram poucos. E quando se passar à fase de construir em concreto, ainda vão ser menos. Ou seja, o mercado, as regras instaladas e a complexidade dos projectos de biomassa faz a selecção. Por isso esse risco aqui não vai existir.

 

Em Viseu vão apostar em electricidade ou vapor?

As duas coisas. A central de Viseu vai produzir energia para injectar na rede e ao mesmo tempo também produzirá energia térmica, vapor, que vamos vender a várias instituições da região, caso do Hospital de Viseu, da Santa Casa da Misericórdia de Viseu e a mais dois grupos empresariais que têm grandes empresas na zona. Será uma remuneração para nós, investidores, mas quem compra poderá comprar a valores mais baixos dos que aqueles que hoje se praticam. É uma vantagem na factura energética para eles e um bom negócio para nós.

A biomassa é uma oportunidade de ouro para Portugal. É o ovo de Colombo, mas quase ninguém fala disto… •