Quando se fala na introdução das novas tecnologias na agricultura do futuro, temos de saber do que é que estamos a falar. Em primeiro lugar, é preciso apoiar os agricultores portugueses para que possam introduzir modos de produção mais sofisticados nas suas explorações agrícolas. Em segundo lugar, é necessário implementar uma política agrícola clara, eficaz e concertada – não casuística, errática e, pior, alicerçada em mentiras e em desprezo por quem se dedica a este sector.
Há dias, li num jornal de grande difusão que 3% da agricultura já é biológica. Como se sabe, a agricultura biológica é um método de produção assente na protecção ambiental e no bem-estar animal, dado que os produtores evitam ou reduzem ao máximo os produtos químicos de síntese e os pesticidas.
É este o rumo que queremos para a nossa agricultura? Se é, e espero que seja um caminho frutuoso para todos: produtores, distribuidores, comerciantes e consumidores, então devemos saber que as actividades ligadas ao modo de produção biológico são mais eficazes com o maior parcelamento das explorações agrícolas.
Talvez que, assim, possamos equacionar as explorações agrícolas do futuro, em Portugal. Aquelas que possam contribuir para dar ao agricultor um rendimento digno para si e para a sua família.
No caso do parcelamento da exploração agrícola, permitindo, como disse, um maior aproveitamento do modo de produção biológico, a dimensão mínima da parcela deve ser a que justifique um dia de trabalho, excepto se a parcela seguinte ficar a 10 minutos de deslocação a pé.

Para estabelecer a dimensão da parcela há que analisar os custos fixos de exploração para definir a dimensão mínima que os rentabilize. Há actividades que exigem maior concentração parcelar como, por exemplo, a pecuária extensiva, os cereais, etc., mas há outras como a fruticultu-ra, a vinha, etc. cujas explorações podem ser mais parceladas.
Aliás, escolhido este rumo, cabe sublinhar que as explorações agrícolas parcelares adaptam-se melhor à estrutura da propriedade portuguesa. Permitem conjugar formas de exploração de propriedades próprias com cedidas gratuitamente (comodato) e arrendadas.?
O banco de terras, projecto sobre o qual já escrevi, irá ajudar estas explorações no acrescento de parcelas. Neste caso, as políticas do Ministério da Agricultura para as agriculturas portuguesas (não há uma, mas muitas) deveriam privilegiar o acesso à terra de quem já está instalado ou dos jovens agricultores.
Por outro lado, uma exploração agrícola de sucesso tem de ser apoiada em diversas vertente. Uma política global do Ministério da Agricultura deve estimular o turismo, defender a paisagem e preservar o meio ambiente.
Também o perfil do empresário da exploração agrícola de futuro pode ser desenhado para levar ao seu sucesso: um empresário que acredita nas actividades em que trabalha, aberto à mudança e ao conhecimento, com espírito crítico, espírito de cidadania, empenhando no associati-vismo e noutras formas de defesa dos seus interesses socioprofissionais.