Um agricultor contava-me um dia destes, com alguma graça, que a atuação da ministra da agricultura perante a seca que atravessamos lhe fazia lembrar uma frase que alguém escrevera no vidro do seu sujíssimo automóvel: ‘Deus é grande, há de chover’!
Com fé, ou sem ela, há questões de política agrícola que ultrapassam a lógica da conjuntura. Anos de escassez de chuva sucedem-se a períodos de intensa pluviosidade e assim ciclicamente, como comprovam as estatísticas meteorológicas das últimas décadas. Isto não é novidade para ninguém, nem para agricultores, nem para governantes.
É por isso que, por muito que não gostemos, a ‘seca’ faz parte da agricultura, é mais uma variáveis com que temos de contar e há que estar preparado para a enfrentar. Daí a necessidade de reforçar e melhorar os regadios, de intensificar o armazenamento de água, quer seja em barragens privadas quer em públicas, e apostar na eficiência e racionalização na sua utilização. Num inverno como este, em que não chove há quatro meses, a agricultura do sul só tem razões para acreditar em culturas de primavera-verão porque existe Alqueva. E quem fez culturas de outono-inverno em sequeiro sabe que contar com S.Pedro é como jogar à roleta russa.
Numa altura em que se começa a desenhar um novo Plano de Desenvolvimento Rural e a definir prioridades, prever a urgência de investir em regadio em todo o país e de contemplar medidas estruturais para anos de seca é indispensável. Para que não cheguemos a esta altura a fazer a dança da chuva e a pedir medidas avulsas que mal servem para remediar.
Na altura em que escrevo este editorial, a VIDA RURAL e a IFE estão a ultimar os preparativos para o SIAG, o salão de agronegócios que organizamos pela primeira vez com o objetivo de juntar os profissionais do setor em dois dias de networking.
Num ano difícil como este, para a economia nacional e em particular para a agricultura, o SIAG quer mostrar que a agricultura não vai em pieguices, quer seguir em frente e continuar a investir e a fazer negócios.