E engane-se quem pensa que há pouca margem de crescimento na agricultura. Na verdade, esta é uma área com uma enorme margem de progressão e onde ainda há muito para fazer. Desde logo porque, apesar de todo o interesse e da chegada de jovens agricultores, o setor continua envelhecido (mais hoje do quem em 2009) e com pouca formação. Isto é estatístico. O último inquérito do INE à estrutura das explorações agrícolas, referente ao ano de 2013, revela que Portugal tem os agricultores mais velhos da Europa, com uma média de 64 anos, e com uma escolaridade que não passa do ensino básico. Sim, pouco mais de 5% dos agricultores concluíram o ensino superior e contam ‘apenas’ com a experiência para desenvolver a sua atividade. Mais um dado para a análise, apenas 6,2% dos produtores vive exclusivamente do produto das suas explorações.
Sempre que são divulgadas estatísticas desta natureza, o foco dos analistas vai sempre para o número de explorações e de agricultores, que tendencialmente desce de ano para ano. Mas este não é o ponto preocupante, pelo contrário, faz parte da evolução e da modernização da agricultura e é desejável que assim seja, a bem do aumento da área média de exploração. O que deve preocupar, sim, é o envelhecimento e o pouco profissionalismo da esmagadora maioria dos produtores. Quando pensamos que apenas 6% dos produtores estão na atividade a tempo inteiro percebemos o quanto ainda falta percorrer para chegar ao nível que todos desejamos.
É preciso mais investimento, rejuvenescimento, inovação. É preciso que o dinamismo continue e se encontrem novas oportunidades tanto nos setores tradicionais como nas novas ideias culturais. É sobretudo, necessário apostar na profissionalização, assente no conhecimento e na competência. Este é um movimento que não pode cristalizar e para o qual todos devemos contribuir com trabalho e dedicação. Para que a agricultura possa continuar a afirmar-se. Para que que possa continuar a crescer. E como na canção dos Deolinda, ‘que seja agora’.