Das mais de 150 mil explorações, que empregam 600 mil pessoas, em muitos casos agricultura familiar, nenhuma concorreu à linha de crédito covid-19.
De acordo com Pedro Santos, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), citado pelo Jornal de Notícias, “na agricultura familiar, os principais clientes perderam-se: primeiro, a restauração e, depois, os mercados e feiras” e agora verifica-se, em alguns setores “excesso de oferta”, como no setor das hortícolas, da carne, das flores ou produtos DOP.
Estes produtores não se candidataram a linhas de crédito porque “não têm escala, ou porque não se podem endividar mais”, explica. Até ao momento, registaram-se apenas 68 candidaturas à linha de crédito covid-19, que somam 31 milhões de euros.
Para Pedro Santos, “está-se muito à espera da União Europeia” e o “Governo não pode continuar com a ideia de não gastar um tostão do Orçamento do Estado”.
Atualmente, já é possível retirar do mercado pequenos frutos mais perecíveis e habitualmente destinados a exportação e Horeca, os frutos vermelhos podem ser entregues a instituições e o produtor recebe 40% do valor médio de mercado dos últimos cinco anos.
A CNA e a CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal defendem que a medida dever ser alargada a outros setores, além de “possível para agricultores em nome individual e não só para organizações de produtores”.
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, informou que os mercados podem manter-se abertos, tendo a ministra da Agricultura chegado a enviar uma carta aos autarcas a pedir que voltassem a abrir os mercados.
Foram também adiantados os pagamentos de fundos comunitários aos agricultores que deram entrada até 3 de abril. Ao dia 10 deste mês tinham sido pagos 40 milhões de euros. Está também prevista a antecipação do pagamento de 85% das ajudas diretas da Política Agrícola Comum para julho.
Foi ainda aprovado o apoio à armazenagem nos setores do leite e da carne, para que seja possível retirar o produto do mercado e recolocá-lo apenas quando os preços estiverem mais equilibrados e foi alterada a portaria que regulamenta as cadeias curtas e criado um apoio de 48 euros diários para deslocações de agricultores a mercados locais ou pontos de entrega.
A plataforma “Alimente quem o alimenta” conta com 700 produtores inscritos e verificou cerca de 50 mil interações com possíveis consumidores.