“Só no perímetro de rega do Pedrógão (que aguarda a conclusão das obras) foram plantados cerca de 12 mil hectares de culturas de regadio que podem vir a ser comprometidos”, revela a ACOS. E acrescenta que “neste momento começa a ser preocupante a falta de chuva que, ao longo de cerca de dois meses, já retirou às barragens e charcas das explorações, bem como aos furos, a normal capacidade de irrigação”.
Estas preocupações são também corroboradas por António Serrano, ex-ministro da Agricultura, para quem a “indecisão do Governo sobre Alqueva representa um prejuízo enorme para toda a região Alentejo e um sinal muito negativo”.
Serrano assegurou que está “na primeira linha com os agricultores do Alentejo em defesa dos interesses da região e do país e contra qualquer adiamento relacionado com a conclusão das obras de Alqueva”. O antigo ministro e deputado do PS à Assembleia da República, acrescentou ainda que “no momento de crise que se atravessa, não se pode deixar um empreendimento destes”. “A agricultura é fundamental para o desenvolvimento da economia nacional, é o setor primário que deve estar na primeira linha para reduzir importações, aumentar a produção nacional e as exportações”, reforçou o deputado socialista.
O ex-ministro da Agricultura lembra que, dos cerca de 60 mil hectares de terreno abrangidos pelas obras concluídas até meados de 2011 para irrigação, a taxa de utilização ronda os 40%, valor que “está perfeitamente alinhado com a média nacional, tanto mais que o final de algumas obras é muito recente”.
Em declarações ao programa de rádio “Agricultores do Sul”, da responsabilidade da ACOS, o deputado lembrou as declarações da ministra Assunção Cristas de que era preciso trazer agricultores de outras regiões, nomeadamente do Ribatejo, para tirarem partido de Alqueva. Este argumento “não é correto, nem do ponto de vista ético, nem político. É um erro gravíssimo”, concluiu António Serrano.