A AlgarOrange – Associação de Operadores de Citrinos do Algarve, que representa e defende o setor da citricultura no sul do País, manifestou em comunicado os problemas vividos na região e alertou para a falta de água, a doença citrus greening e a praga da mosca da fruta.
“Temos sinalizado várias vezes as principais preocupações sentidas pelo setor e achamos que é tempo de respostas e ações”, refere a associação de empresários no documento.
A AlgarOrange relembra que a “economia do Algarve assenta fundamentalmente nas atividades ligadas ao turismo, hotelaria e restauração” e, por isso, considera “fundamental para a região a diversificação e desenvolvimento de outros setores”.
“Acontece que a agricultura tem vindo a dar passos firmes e significativos num desenvolvimento sustentável e de crescente criação de riqueza”, como acontece com os frutos vermelhos, abacates, plantas ornamentais, vinhos e citrinos. De acordo com a associação, “estes setores poderão representar alternativas de empregos que se irão perder no futuro próximo”, caso não sejam solucionados os problemas identificados na citricultura.
“A citricultura tem de ser encarada e planeada de uma forma integrada e estruturada. As soluções dos principais problemas deverão ser preparadas com carácter de urgência e inevitavelmente com ações de âmbito regional.Se um dia vier a acontecer a falência do sector por inação de quem tem o dever de decidir, então iremos até às últimas consequências exigindo a sua responsabilização”, explica a associação em comunicado.
Um dos “três grandes motivos de preocupação” identificados pela AlgarOrange para a citricultura da região é a falta de água. Segundo a associação, se não chover até ao final do ano, as reservas de água acumuladas nas barragens duram até dezembro. “Este problema tem de ser atacado de imediato. Haverá certamente muitas coisas a fazer. Mas a solução da bombagem de água do Guadiana para as barragens do Sotavento tem de ser de implementação prioritária.”
Outra das preocupações assinaladas é a doença citrus greening, ou Huanglongbing, causada pela bactéria Candidatus liberibacter e cujo vetor é a Trioza erytreae. Apesar de ainda não ter sido detetada no território europeu, a associação alerta para o facto de esta ter provocado “enormes prejuízos a nível mundial”.

As largadas efetuadas no centro e na região oeste do País tinham como objetivo é evitar a propagação datryosa até a região algarvia. Contudo, o processo nunca mais se repetiu.
Se a doença se espalhar, “pode significar a ruína de todo o setor da citricultura”, explica a associação, que aguarda, desde outubro de 2019, que o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas autorize novas largadas de insetos parasitoides.
De acordo com a AlgarOrange, também a praga da mosca da fruta, Ceratitis capitata, provoca anualmente enormes prejuízos à citricultura do Algarve.
“As dificuldades no combate a esta praga aumentam ano após ano, pois não há uma coordenação nem planeamento de âmbito regional. A luta é feita individualmente por cada produtor, essencialmente através da aplicação de produtos fitofármacos”, refere o comunicado.
A associação apela assim ao “cadastro georreferenciado dos pomares de citrinos da região, mas também das culturas de hospedeiros da Ceratitis capitata”, por forma a criar condições para a produção de machos esterilizados em número suficiente para que as largadas possam ser feitas em toda a região.
O setor exige assim que estes problemas sejam “considerados nos próximos planos de investimento os financiamentos para a sua implementação”.