O estudo, citado pelo jornal I, diz ainda que as regiões que deverão ser mais afetadas são a Estremadura, o Ribatejo, o Douro, as Beiras e o Baixo Alentejo. Intitulado “Climate change, wine, and conservation”, o estudo internacional prevê que o potencial destas regiões fique reduzido em cerca de 50% se continuarem a ser usados os métodos vitivinícolas atuais.
“Na Europa mediterrânica, incluindo grande parte do território português, a área adequada para a produção vitivinícola atual vai sofrer um declínio a rondar os 80%”, prevê Lee Hannah, um dos autores do trabalho científico.
O estudo utilizou 17 modelos climáticos e baseou-se em duas previsões para o futuro: a pior pressupôs que, até 2050, a temperatura aumentaria 4,7 graus célsius, com a outra a estipular apenas uma subida de 2,5 graus célsius.
De acordo com o presidente da Associação Portuguesa de Enologia, António Ventura, as castas de uva mais utilizadas em Portugal variam entre o aragonez, a trincadeira e o castelão tinto e a fernão pires branco.
António Ventura acredita que é “extremamente importante” que hoje já se plantem as castas “mais resistentes à seca” e “com maior amplitude térmica” nas “regiões em maior risco”. A “pouca atenção” depositada na “alteração dos hábitos agrícolas” para “responder às alterações climáticas” é precisamente um dos problemas mais destacados pelo estudo, a nível global. Em Portugal, porém, já são usadas técnicas vitivinícolas para contrariar a subida gradual das temperaturas, particularmente no Douro e no Alentejo, as regiões “mais problemáticas” e “em maior risco” hídrico, como sublinhou António Ventura.