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Barragens do Oeste com solução à vista

Barragens do Oeste com solução à vista

De três barragens à espera de conclusão ou reparação, duas estão a caminho de ver ‘a luz no fundo do túnel’: Arnóia e Alvorninha. Com estas obras, uma área superior a 1.200 hectares, maioritariamente de pomares de peras e maçãs, pode passar a ser irrigada, duplicando a produção e o rendimento dos mais de 500 agricultores beneficiados.

A rede de rega das Baixas de Óbidos, que irá fechar o ciclo da barragem do Arnóia, é o maior investimento público realizado no concelho e era esperado desde 1978. O anúncio da sua construção foi feito pelo presidente do município em janeiro deste ano, confirmado pela ministra da Agricultura e do Mar em julho e, finalmente, oficializado por despacho do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, publicado em Diário da República, a 1 de outubro.

Já em Alvorninha, só falta o ‘ok’ final da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT) para os agricultores poderem abrir as torneiras, porque já foi injetado cimento para reparar a fissura no solo da albufeira.

 

Das três barragens incompletas, ou com problemas, resta a da Sobrena, no Cadaval, que parece estar condenada ao abandono, pois “em 15 anos nunca encheu e um estudo do LNEG [Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia, ex-INETI/LNETI] concluiu que a barragem não tem qualquer hipótese de reparação”, diz-nos Armando Torres Paulo, administrador da Frutus – Central Fruteira de Montejunto e dono de terrenos na zona da barragem, hoje abandonados pelo Estado, e que está a tentar recuperar.

Três gerações depois

 

A ministra da Agricultura e do Mar esteve, a 22 de julho, em Óbidos para a apresentação do projeto do regadio das Baixas de Óbidos. “A água é um fator crítico” para a agricultura e, por isso, a aposta do Governo em avançar com este projeto, afirmou Assunção Cristas.

Para Humberto Marques, o projeto é “extraordinariamente importante para o nosso território, para Óbidos, para o Bombarral, para a região e para o País”. O presidente da CMO recordou o muito tempo de espera dos agricultores por esta infraestrutura. “A história deste projeto circunscreve três gerações”, conta o autarca, que sublinhou “o grande empenho” do município para que a obra avançasse.

 

O autarca realçou o financiamento “em condições ímpares”, uma vez que é conseguido ao abrigo do novo quadro comunitário de apoio, mas com as regras do anterior, “permitindo a Óbidos sonhar e concretizar um investimento de 22 milhões de euros”. Uma ideia também sublinhada por Assunção Cristas, que disse mesmo que “o regadio de Óbidos é o exemplo dessa transição: regras antigas com dinheiro novo”.

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Questionado pela VIDA RURAL sobre a importância deste projeto, o gabinete de Comunicação e Imprensa do MAM salienta que “a excelente aptidão dos solos do Aproveitamento para a produção de espécies frutícolas e hortícolas confere a esta zona um enorme potencial produtivo que merece ser desenvolvido. Os estudos de base efetuados permitiram confirmar o intenso desenvolvimento agrícola da região, que não se limita só às Baixas de Óbidos, mas abrange também as zonas das várzeas do rio Real e do rio Galvão”.

 

O MAM considera ainda que “a principal mais-valia obtida pela construção deste Aproveitamento prende-se com a garantia do fornecimento de água durante o período estival e a uniformidade da sua distribuição em toda a área beneficiada assegurando caudal e pressão suficientes para a realização de campanhas de rega em condições ideais, principalmente, para as produções frutícola e hortícola”.

Já Luís Honorato, presidente da Associação de Beneficiários do Plano de Rega das Baixas de Óbidos, diz-nos que “este projeto é de extrema importância não só para o concelho de Óbidos mas também para a região, a nível agrícola e igualmente ambiental, pois vai defender a lagoa de Óbidos do assoreamento. Além de que vai aumentar o emprego”.

Opinião também expressa pelo presidente da autarquia aquando da apresentação do projeto, ao afirmar que a rede de rega é um projeto com visão, uma vez que “com este investimento pode aumentar-se o PIB agrícola em mais duas vezes e meia”. Também com o aumento da produção, há o consequente aumento do número de postos de trabalho. Por tudo isto, “este é, de facto, um investimento que tem de ser aproveitado”, sublinhou Humberto Marques, apelando à “mobilização de todos os agricultores para se organizarem em estruturas que valorizem os nossos produtos” para que haja um “equilíbrio de forças na cadeia de distribuição”. E nesta lógica, o presidente da Câmara Municipal de Óbidos deixou um desafio a Assunção Cristas: “O País precisa que o preço pago pelo consumidor por qualquer produto agrícola seja redistribuído justamente por todos os agentes da cadeia de valor. A Câmara não se vai demitir do seu papel”.

No sentido de impulsionar a mobilização dos produtores do concelho, o presidente da autarquia tinha já anunciado no feriado municipal (11 de janeiro) – na mesma altura em que confirmou a construção do sistema de rega – que “ainda em 2014, e já previsto em orçamento, lançaremos um regulamento de apoio à criação da grande Central das Várzeas, com incentivo até 300.000€, repartidos em três anos, para estimular a constituição de um grupo alargado de produtores agrícolas, com vista à concentração da oferta e dinamização do produto local, sob o fim último, o aumento do rendimento dos nossos produtores. Também aqui se convidam todos os produtores e os futuros produtores a fazerem este trabalho em conjunto com o município”.

Veja a reportagem completa na edição de novembro da revista VIDA RURAL.