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Agricultura

Carla Alves é a nova secretária de Estado da Agricultura. Decisão envolvida em polémica

Carla Alves é a nova secretária de Estado da Agricultura. Decisão envolvida em polémica

Rui Martinho deixou as funções de secretário de Estado da Agricultura por motivos de saúde. O gabinete do primeiro-ministro já informou que Carla Alves, que era diretora Regional de Agricultura e Pescas do Norte, vai assumir o cargo. A nova responsável assumia a direção da DRAP Norte desde 2018.

A nomeação já está envolta em polémica. Carla Alves possui contas arrestadas, na sequência de uma investigação que visa o marido Américo Pereira, ex-presidente da Câmara de Vinhais. De acordo com o divulgado pelo Correio da Manhã e replicado pela TSF, entre 2013 e 2020, terá entrado mais dinheiro nas contas conjuntas do casal do que aquilo que seria declarado.

 

O Ministério Público fala ainda do crime de corrupção ativa e prevaricação, tendo pedido o julgamento de Américo Pereira. A acusação quer que cerca de 700 mil euros sejam devolvidos ao Estado, por não ser possível justificar a sua proveniência.

O ex-autarca de Vinhais e esposo da nova secretária de Estado, Américo Pereira, já veio garantir que “ela não tem nada a ver com isto”. Em defesa pessoal e da esposa, Américo Pereira explica que o que foi “arrestado foi o saldo das contas bancárias que existiam em março de 2022”, e apenas “uma conta” em que Carla Soares era também titular.

 

Em resposta ao Correio da Manhã, o Ministério da Agricultura informou que “a Sra Secretária de Estado da Agricultura, Eng. Carla Alves, não é visada em qualquer processo-crime” e que “nenhum processo judicial relativo ao seu marido, Américo Pereira, sugere qualquer tipo de envolvimento da Sra. Secretária de Estado da Agricultura, Eng. Carla Alves”.

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, questiona: “Vou demitir a mulher de alguém só porque o marido é acusado?”.

Reações à nomeação

 

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) reagiu à mudança da titularidade da pasta afirmando que, “mais do que mudanças de nomes, são necessárias mudanças nas políticas para o setor”.

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A mudança de rostos deve ser, pois, entendida como uma oportunidade para mudar de política e não para, como afirmou o primeiro-ministro, insistir na mesma política”, declara.

 

Já relativamente à polémica, alguns partidos políticos já reagiram. O CDS-PP pediu a demissão da nova secretária de Estado da Agricultura. O líder do partido, Nuno Melo,  “considera insustentável a manutenção da secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, no cargo e consequentemente, pede a respetiva demissão imediata, ou não acontecendo, a intervenção decisiva do Presidente da República”.

Nuno Melo salienta que o ministério da Agricultura “gere a aplicação de fundos comunitários e dotações financeiras no valor de muitos milhares de milhões de euros, pelo que a credibilidade dos respetivos titulares tem que estar acima de qualquer suspeita”.

Já na rede social Twitter, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, afirmou “o PS não só escolheu sentar o lobby da suinicultura no Ministério da Agricultura numa porta giratória inadmissível, como evidencia, uma vez mais, a falta de escrutínio e o pouco compromisso com o interesse público”.

Antes de assumir a DRAP Norte, Carla Alves esteve, a partir de 2007, na direção do Parque Biológico de Vinhais. A responsável faz parte do quadro técnico da Câmara Municipal de Vinhais desde 2000.

No plano profissional, foi administradora da Empresa Municipal de Vinhais e coordenadora da Associação Nacional de Criadores de Suínos de Raça Bísara (1995-2018) e secretária técnica do Livro Genealógico da Raça Bísara (2007-2018).

De acordo com o Governo, Carla Alves é perita da Confederação dos Agricultores de Portugal e foi vice-presidente da Federação Nacional de Raças Autóctones (2005-2018).