Os suinicultores vão avançar para a criação de centros de recolha regionais de cadáveres de porcos. O projecto deve estar pronto até ao final do mês de Junho, uma vez que há um compromisso com a Direcção-Geral de Veterinária para resolver esta questão «dentro de três a seis meses», revelou à Vida Rural Simões Monteiro, secretário-geral da Federação Portuguesa de Suinicultores (FPAS).
Estas futuras estruturas vão ser custeadas pelos produtores e não são enquadráveis em nenhum programa de apoio comunitário, caso do Proder (Programa de Desenvolvimento Rural). Este centro irá centralizar todos os animais mortos, evitando assim um sistema de recolha entre explorações que, na opinião dos suinicultores, poderia contribuir para a disseminação de várias doenças graves.
Em Portugal enterram-se, por dia, 10 toneladas de cadáveres de porcos. Este procedimento é proibido desde 2002, pelo que a Direcção-Geral de Veterinária fez um ultimato aos suinicultores para criarem, durante este ano, um sistema de recolha dos animais mortos.
Apesar de não existirem dados concretos, o número estimado das 10 toneladas é encontrado extrapolando o facto de na zona de Leiria, onde se concentra 20% da produção suinícola nacional, todos os dias serem enterradas cerca de duas toneladas de cadáveres. Esta prática, que colide com a legislação nacional e comunitária, constitui, segundo Agrela Pinheiro, director-geral de Veterinária, um problema de saúde pública que se arrasta há vários anos.
A maioria dos cadáveres enterrados são leitões que morrem esmagados ou vítimas de morte súbita ou outras doenças. Portugal criou, em Abril de 2003, o primeiro sistema de recolha e transporte (SIRCA), a cargo do Estado, mas o Ministério da Agricultura optou por deixar de fora os suínos, «porque tínhamos a expectativa de que os suinicultores se auto-organizassem», reconheceu, à Agência Lusa, Agrela Pinheiro.
Segundo o responsável, «a Federação dos Suinicultores comprometeu-se a resolver o problema, sob pena de, se não o fizer nos próximos seis a oito meses, o Estado ter de estender o SIRCA aos suínos e começar a cobrar a respectiva taxa aos suinicultores». Joaquim Dias, presidente da FPAS adiou um pouco o prazo, especificando ter-se comprometido a encontrar uma solução até Janeiro do próximo ano. «Ainda não sabemos quantos sistemas de recolha e transporte vão ser criados, mas deverão ser entre três a cinco», revelou o presidente da Federação, referindo-se às zonas de grande produção suinícola de Leiria, Montijo, Norte, Alentejo e Algarve.
Entretanto, a delegação francesa apresentou no Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, com o apoio de outros 11 países, o pedido de apoio ao sector porcino devido à situação de crise em que se encontra. Concretamente, foi pedida a abertura do armazenamento privado até 100 mil toneladas de carne. No entanto, a Comissária da Agricultura, Marian Fischer Boel assinalou que nestes momentos não se ia introduzir nenhuma medida de ajuda ao mercado.