39 representantes de países de todo o mundo estiveram reunidos até ao passado dia 30 de abril no Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia para debater o nitrogénio, aquele que é considerado “o padrinho das alterações climáticas”.
Os cientistas reunidos em Lisboa propuseram uma redução das emissões de nitrogénio em 20% até 2020 e defenderam que o custo associado à poluição por nitrogénio ascende a 320 milhões de euros por ano na Europa.
Os cientistas e os representantes de Governos e organismos internacionais, como a OCDE, UNEPE, UNECE, FAO, OMS e WMO, estão mandatados pelas Nações Unidas para apresentar, nos próximos quatro anos, orientações à escala global e regional, com vista à melhoria da gestão do nitrogénio, no âmbito do projeto ‘Towards INMS-International Nitrogen Management System e da TFRN – Task Force on Reactive Nitrogen’.
“Estamos a reunir informação científica credível para mostrar aos políticos que melhorar a gestão do nitrogénio representa uma grande oportunidade para o mundo. Devemos avaliar a eficiência do uso do nitrogénio na Economia à escala global, procurando formas de maximizar a eficiência dos inputs de nitrogénio necessários à produção de alimentos e energia”, explicou Mark Sutton, coordenador do projeto Towards INMS e investigador do Natural Environment Research Council, na Escócia, uma das entidades financiadoras.
As metas propostas pelos cientistas, e que já haviam sido divulgadas num relatório recente, intitulado “Our Nutrient World”, implicam a redução das emissões em 20 milhões de toneladas de nitrogénio por ano até 2020, traduzida numa poupança líquida para o ambiente equivalente a 156 mil milhões euros por ano.
“A questão do nitrogénio está na ordem do dia, é bom que Portugal apanhe este comboio, mas que se posicione na primeira carruagem. Pertencemos a uma região – o Mediterrâneo – muito vulnerável à poluição por nitrogénio, e por isso, é importante aumentar a eficiência do uso do nitrogénio e reduzir os seus impactos negativos”, afirmou Cláudia Cordovil, professora do Instituto Superior de Agronomia (ISA) e cocoordenadora do Task Force on Reactive Nitrogen.
O nitrogénio ou azoto (N) é o 5º elemento químico mais abundante no Universo, 78% do ar que respiramos. Quando transformado, este elemento químico é usado em todo mundo na agricultura (como fertilizante), na indústria e nos transportes, mas quando em excesso é também uma fonte de poluição.
Fertilizantes mais verdes
“Considerando que 50% a 70% do nitrogénio fornecido às culturas agrícolas se perde no meio ambiente, a melhoria da eficiência dos fertilizantes é a chave para reduzir a poluição”, consideraram os cientistas que reuniram em Lisboa. “Estamos a trabalhar com os fabricantes em novos métodos de preparação dos fertilizantes que minimizem a libertação de nitrogénio para a atmosfera, através da sua decomposição mais lenta no solo, portanto melhor aproveitados pelas plantas, o que significa que os agricultores estarão a adquirir um produto com maior valor”, revelou Mark Sutton, acrescentando que “à medida que os agricultores usam melhor o nitrogénio, tornam-se menos vulneráveis à variação dos preços dos fertilizantes.”
O cientista escocês defende ainda uma abordagem revolucionária ao problema, “em vez de destruir o nitrogénio, devemos capturá-lo e reintegrá-lo no circuito produtivo, dando origem a novos fertilizantes. Se pensarmos que por ano são emitidas para a atmosfera 40 mil milhões de toneladas de dióxido de nitrogénio, vemos que existe uma oportunidade de transformar um problema num negócio verde”, conclui, apontando a necessidade de desenvolver técnicas para capturar o nitrogénio de forma mais barata.