Face ao problema da falta de compatibilidade da enxertia em videira, num projeto de investigação pioneiro foi estudada a composição fenólica de tecidos da zona de enxertia. Os resultados obtidos são promissores e revelam que a análise de três compostos fenólicos poderá ser utilizada para prever o grau de compatibilidade entre casta e porta-enxerto, por forma a selecionar atempadamente combinações viáveis a utilizar na instalação de futuras vinhas.
A enxertia é uma técnica milenar amplamente utilizada em viticultura, cuja expansão nos países do velho mundo vitivinícola remonta ao final do século XIX. Com efeito, com a devastação quase total da vinha na Europa causada pela filoxera(*) a partir de 1860, compreendeu-se que as espécies americanas de videira eram resistentes a esta praga e, por conseguinte, começaram a ser utilizadas como porta-enxertos das variedades/castas de videira europeia – Vitis vinifera. Com esta prática é possível obter resistência a pragas e doenças transmitidas através do solo, bem como tolerância a certas condições desfavoráveis (como a elevada salinidade, a secura e o excesso de acidez do solo, entre outras), para além de ser assegurada a propagação, um maior rendimento produtivo e o controlo do vigor da videira (Lee et al., 2010).