Esta é uma das conclusões da equipa de investigadoras do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia, que estudou a utilização de resíduos de cortiça do sobreiro como nova fonte de compostos bioativos no tratamento de sintomas relacionados com a doença de Alzheimer. É o primeiro estudo a analisar a capacidade de alguns extratos de cortiça ou de entrecasco de cortiça em inibir a atividade da acetilcolinesterase.
Apesar de, na indústria corticeira, a cortiça constituir uma matéria-prima de grande interesse económico, os restantes sub-produtos, como o entrecasco do sobreiro, não têm grande valor-acrescentado. No entanto, a casca (entrecasco e cortiça), composta por uma elevada proporção de metabólitos secundários, é uma potencial fonte de compostos fenólicos, o que permite atribuir uma atividade antioxidante relativamente elevada contra os radicais livres nefastos ao organismo humano.
Em comunicado, o Centro de Estudos Florestais explica que “os extratos de etanol-água do entrecasco de Q. Suber e os extratos de cortiça, em menor grau, apresentaram uma interessante atividade inibitória contra a enzima acetilcolinesterase envolvida no processo de neurotransmissão”.
Para Joana Ferreira, investigadora principal do estudo publicado recentemente na revista científica especializada Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, este estudo “permitiu reconhecer a casca do nosso sobreiro, nomeadamente o entrecasco e a cortiça, como fontes acessíveis de antioxidantes naturais e agentes anti-acetilcolinesterase promissores no tratamento da doença de Alzheimer ou na diminuição do agravamento dos sintomas associados, resultando na sua possível utilização em fórmulas farmacêuticas”.