A consultora Consulai promoveu esta manhã (31 de março) um webinar sobre ‘A Agricultura em tempo de crise que pretendeu refletir e antecipar o futuro próximo no contexto Covid-19. O debate envolveu um leque de oradores e comentadores, entre os quais a gestora Gabriela Ventura, o jornalista Camilo Lourenço, o economista João Duque e o consultor João Pacheco, num debate moderado pelos organizadores, Luís Mira da Silva e Pedro Santos, da Consulai.
A VIDA RURAL seguiu o debate e vai partilhar algumas conclusões durante a tarde hoje. A abrir o testemunho de Gabriela Ventura.
“Se o Estado fizer o seu papel não precisa de gastar mais um euro”
Considera-se uma testemunha privilegiada da resiliência do setor agrícola que, na anterior crise que o país viveu, chegou a ser um dos poucos a contribuir para o PIB, numa altura em que até o FMI dizia que a agricultura não era para levar a sério. Gabriela Ventura, antiga gestora do Proder, abriu a reflexão sobre os desafios que a agricultura vive com um alerta: “Na anterior crise os mercados exportadores estavam lá para ser conquistados”. Mas agora não, há um mundo inteiro a viver as mesmas dificuldades. Desta vez prever consequências é um exercício difícil, mesmo para que está habituado a viver em situações de risco: “Acredito na resiliência do setor, mas agricultura sozinha não consegue”. Gabriela Ventura relembra que o Estado tem instrumentos específicos de que outros setores não dispõem: “Se fizer o seu papel não precisa de gastar mais um euro. Tem disponibilidade de injetar entre 1.2 e 1.5 mil milhões de euros por ano e isto é liquidez pura, não é crédito, é dinheiro a fundo perdido. Tal como a OMS diz que é preciso testar, testar, testar, eu diria que é preciso pagar, pagar, pagar! O mais depressa possível, o mais antecipadamente possível e agilizar tudo o diz respeito à liquidez, pois haverá um impacto muito negativo na tesouraria. No PDR e no PU há muita coisa que pode fazer e terá um efeito positivo”, frisa.
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