O consórcio do projeto “TomAC” – Produção Sustentável de Tomate para Indústria, através da Aplicação dos Princípios da Agricultura de Conservação, anunciou ter obtido resultados positivos com o ensaio a decorrer em Vila Franca de Xira relativamente a culturas de cobertura na produção de tomate para a indústria.
O consórcio esteve reunido, no final de março, no campo onde decorre o ensaio, para produzir um vídeo documental da fase final do ciclo da cultura de cobertura e destacar os objetivos e resultados obtidos.
“Um dos principais resultados da cultura de cobertura é a retenção de azoto, já obtivemos valores a rondar os 70 a 120 kg de azoto por hectare, face a apenas 5 kg/ha retidos pela vegetação espontânea no sistema Convencional. Além da melhoria da estrutura do solo e de todos os efeitos benéficos que a manutenção dos resíduos da cultura de cobertura pode ter na cultura do tomate de indústria”, afirmou Ricardo Vieira Santos, investigador do MED-UÉvora, entidade que integra o consórcio.
A cultura de cobertura foi instalada no início de novembro do ano passado no terreno onde será agora plantado o tomate, tendo como objetivo a cobertura permanente do solo.
“A mistura selecionada, composta por gramíneas, leguminosas e brássicas, visa proteger o solo contra a erosão, melhorar a sua estrutura e biodiversidade, reduzir a lixiviação de nutrientes e aumentar o teor de matéria orgânica e o sequestro de carbono”, explica o comunicado de imprensa.

Desta forma, “as gramíneas atuam retendo os nutrientes no solo, que resultam da fertilização aplicada ao longo do ciclo da cultura do tomate de indústria, mitigando assim a perda dos nutrientes por lixiviação. Após a decomposição dos resíduos da cultura de cobertura, os nutrientes são devolvidos ao solo, podendo ser utlizados pela cultura seguinte: o tomate de indústria”, salientam os responsáveis pelo projeto.
Já com as leguminosas “pretende-se a fixação do azoto atmosférico e a sua consequente disponibilização ao solo, e com as brássicas pretende-se um efeito nematodicida”, concluem.
“Participamos no projeto ‘TomAC’ porque acreditamos numa produção mais sustentável e com uma mobilização mínima do solo. Até ao momento conseguimos ter um rendimento maior mantendo a qualidade do produto final”, garantiu Ana Casimiro, gestora e coordenadora de ensaios da AG-Innov – Centro de Excelência do Grupo Sugal, produtor e transformador de tomate para indústria que detém cinco fábricas de concentrado em Portugal, Espanha e no Chile.
O projeto “TomAC” integra o plano de compromissos da Syngenta, a nível mundial, com a Agricultura Sustentável e de Conservação.
O ensaio decorre desde 2021 numa parcela de 12 hectares da Sogepoc, em Vila Franca de Xira, e o consórcio é constituído pelo MED-UÉvora, o AG-Innov-Centro de Excelência do Grupo Sugal, a APOSOLO- Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo e a Syngenta.