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Sustentabilidade

Estudo aponta para efeitos da crise climática no ‘corn belt’ dos EUA

Estudo aponta para efeitos da crise climática no ‘corn belt’ dos EUA

Um estudo da Universidade de Emory, em Atlanta (Estados Unidos da América – EUA), revelou que as alterações climáticas vão tornar o ‘corn belt’ norte-americano (região dos EUA que produz a maioria do milho no país) inadequado para o cultivo de milho até 2100, caso não existam grandes avanços tecnológicos nas práticas agrícolas.

A autora do estudo, Emily Burchfield, citada em comunicado, explica que é critico que esta adaptação inclua uma diversificação além das principais colheitas de commodities que agora compõem a maior parte da agricultura norte-americana.

 

“Não basta depender simplesmente de inovações tecnológicas para salvar o dia. Agora é o momento de pensar em grandes mudanças no que e como cultivamos os nossos alimentos para criar formas de agricultura mais sustentáveis e resilientes”, aponta a investigadora.

Os modelos de previsão

A investigação combinou dados espácio-temporais da sociedade e do ambiente para compreender o futuro da segurança alimentar nos Estados Unidos, incluindo as consequências de um clima em mudança. O estudo atual focou-se nas seis principais colheitas norte-americanas que cobrem 80% das terras cultivadas: luzerna, milho, algodão, feno, soja e trigo.

 

Através de dados recolhidos, por exemplo, do Departamento Agrícola dos EUA, foram construídos modelos para prever onde cada colheita foi cultivada durante 20 anos (2008 e 2019). Primeiro implementou os modelos utilizando apenas dados de clima e solo. Estes modelos previram com precisão – entre 85 e 95% – em que locais essas colheitas são atualmente cultivadas.

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Numa segunda fase, a investigadora incorporou indicadores de intervenção humana, como o input use. Estes modelos tiveram um desempenho ainda melhor e destacaram as formas pelas quais as intervenções agrícolas se expandem e amplificam as geografias das colheitas apoiadas apenas pelo clima e pelo solo.

 

Finalmente, os modelos históricos foram utilizados para projetar mudanças biofísicas no cultivo em 2100 em cenários de baixas, moderadas e altas emissões de GEE. Os resultados sugerem que mesmo em cenários de emissões moderadas, as geografias de cultivo de milho, soja, luzerna e trigo irão todos mudar fortemente para norte, com a ‘corn belt’ a tornar-se inadequado para o cultivo do milho até 2100. Cenários de emissões mais severos agravam estas mudanças.

“Estas projeções podem ser pessimistas porque não explicam todas as formas que a tecnologia pode ajudar os agricultores a adaptarem-se e a enfrentarem o desafio”, admite Emily Burchfield. Ela nota que o investimento pesado já está a ser estudado na modificação genética de plantas de milho e soja para ajudá-las a adaptarem-se às alterações climáticas.

 

Apesar disso, sublinha a necessidade dos sistemas agrícolas norte-americanos se diversificarem para além das principais colheitas. “Uma das leis básicas da ecologia é que ecossistemas mais diversos são mais resistentes”, declara.

A investigadora planeia expandir o modelo, integrando entrevistas com especialistas em política agrícola, agentes de extensão agrícola e agricultores.