Quantcast
Ajudas aos agricultores

Eurodeputados nacionais consideram pacote de 500 milhões para os agricultores insuficiente

trator em terreno agrícola com pivots de rega

Em debate ontem (16 de setembro) com o Comissário Europeu da Agricultura, Phil Hogan, os eurodeputados consideraram o pacote de 500 milhões de euros de ajuda aos agricultores europeus “insuficiente”. Numa reunião que teve como objetivo discutir a crise no setor agrícola, os deputados apelaram a medidas adicionais para garantir um preço justo aos produtores e apoiar as regiões mais afetadas, como os Açores.

Miguel Viegas, eurodeputado português, referiu durante a sua intervenção que “a situação na agricultura é desastrosa e era previsível. Ao abdicar de todos os instrumentos públicos de regulação, as sucessivas revisões da PAC, com especial destaque para a última de 2013, gerou este inferno que ameaça a sobrevivência de todo um setor. A substituição desses instrumentos públicos por produtos financeiros derivados apenas aumentou a volatilidade e serviu para engordar ainda mais os grupos financeiros.”

Para o deputado, a resposta da Comissão Europeia é “claramente insuficiente” e defende que “é urgente intervir nos mercados para suster a derrocada dos preços, mas não é menos urgente começar já a trabalhar numa completa revisão de toda a política agrícola comum, em defesa do nosso modelo tradicional, que é o único capaz de garantir uma agricultura sustentável e segura.”

banner APP

O eurodeputado Ricardo Serrão Santos, por outro lado, considerou que “as medidas anunciadas para o setor agrícola são bem-vindas. É certo que o senhor comissário esteve à escuta, mas só ouviu quando quis e aquilo que quis. O senhor comissário denegou recorrentemente os alertas que esta casa lhe fez em relação ao sector do leite. Foi preciso os agricultores deslocarem-se até Bruxelas para que fosse dada alguma sequência às suas necessidades e em boa hora o fizeram”, referindo-se à manifestação que se realizou na passada semana em Bruxelas.

“Precisamos de soluções para ontem e capazes de garantir um preço justo aos produtores e de manter a produção onde não existem atividades económicas alternativas e precisamos que as regiões produtivas com desvantagens comparativas sejam devidamente tidas em conta na configuração dos apoios e novos instrumentos que possam eficazmente regular a oferta”, concluiu.

A eurodeputada Sofia Ribeiro acrescentou ainda que “os 500 milhões de euros que foram anunciados como a solução desta profunda crise apenas adiam a tomada de decisões estruturais para daqui a dois ou três meses, senhor comissário. A verba destinada a Portugal é insuficiente. Que dizer, quando se atribui 4,8 milhões de euros a um país quando só numa das suas regiões, os Açores, os prejuízos já ultrapassam os 30 milhões? Aplicar a mesma chave de repartição de fundos a Estados-Membros que estão a sofrer o enorme impacto desta crise em pé de igualdade com outros que mais contribuíram para que ela acontecesse é injusto.”