A seca que o país atravessa poderá ter um prejuízo direto estimado em cerca de 1,1 mil milhões de euros no saldo da balança comercial portuguesa. Quem o diz é a Fenareg, que num comunicado enviado às redações esta quinta-feira (15 de fevereiro) defende que “são urgentes medidas compensatórias aos agricultores pelo agravamento de custos com a rega”.
De acordo com a Federação Nacional de Regantes de Portugal, “este ano haverá fortes restrições em quase todas as obras de rega, a maioria não terá água. Após quatro anos consecutivos de precipitação inferior à média, as reservas de água situam-se agora nos 36%, regista o boletim das albufeiras da Autoridade Nacional de Regadio, DGADR”.
“Os agricultores são os primeiros afetados pela seca e terão que adaptar as culturas e as áreas cultivadas à água disponível. Redução de colheitas e menores rentabilidades são efeitos da seca prolongada e que acabam transferidos à indústria agroalimentar e à economia rural”, acrescenta.
As estimativas da Fenareg indicam ainda que, este ano, mais de 50% da área agrícola não possa ser regada, o que poderá significar uma perda de mais de 1,1 mil milhões de euros num setor que conta com 150 mil empresas e que emprega 175 mil pessoas de forma direta.
A organização diz ainda que a bacia do Sado é a que “apresenta as maiores limitações de água a nível nacional, variando o volume útil de água disponível nas nove albufeiras da região de 0% a 17%”, situação que, de acordo com presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, pode colocar em risco 30% da produção nacional de arroz.
“A única forma de viabilizar esta e outras culturas agrícolas na região do Sado é através da transferência dos volumes de água da barragem de Alqueva para as albufeiras periféricas, algumas das quais terão necessidade de comprar 100% da água à EDIA, entidade gestora de Alqueva. Porém, a aquisição de maiores volumes de água à barragem de Alqueva pelas Associações de Regantes terá uma repercussão direta nos custos da água, com um agravamento estimado de 50% a 70% no preço da água a pagar pelos agricultores, o que inviabiliza a realização da maioria das culturas anuais (arroz, milho, entre outras) na bacia do Sado”, acrescenta a Fenareg.
Por tudo isto, a organização apresentou em novembro de 2017 ao Ministério da Agricultura uma proposta de medidas compensatórias aos agricultores pelo agravamento de custos com a rega. Uma das primeiras medidas anunciadas já pelo Governo foi o Plano Nacional de Regadios, cujo arranque aconteceu a 2 de fevereiro e que, de acordo com a Fenareg, representará “mais um progresso na adaptação às alterações climáticas”.