“Os povoamentos com mais do que uma espécie, tecnicamente designados por mistos (neste caso concreto analisaram-se povoamentos puros de pinheiro bravo, puros de carvalho negral e mistos de ambas as espécies), apresentavam crescimentos ligeiramente mais rápidos, tinham uma maior capacidade para fixar carbono atmosférico”, afirmou ao Café Central, Domingos Lopes, coordenador do projeto.
O professor da UTAD refere que os fogos de elevada intensidade característicos da floresta mais vulnerável aos incêndios, como o pinhal bravo, “são modificados em florestas mistas constituídas por combinações de espécies autóctones (carvalhos, sobreiro, medronheiro, vidoeiro) ou exóticas (resinosas de montanha) ”.
“Estas florestas têm sub-bosque mais escasso e/ou mais verde, manta morta pouco arejada, maior humidade e estão mais abrigadas do vento. O resultado é o abrandamento da propagação do fogo, ou até mesmo a sua auto-extinção, com mitigação radical dos seus efeitos ecológicos”, acrescenta.
A conclusão de que as espécies vão reagindo num contexto de alterações climáticas chegou, segundo Domingos Lopes, pelos estudos de dendrocronologia, isto, é, por análise dos anéis do tronco. “Nós conseguimos associar os ritmos de crescimento com um determinado momento temporal, com as condições climáticas que se verificaram em cada um desses momentos. O passado pode ser fundamental para prever o futuro”, sublinha.