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Agricultura

Níveis de amoníaco 4 vezes maiores nas regiões agrícolas da Europa

Níveis de amoníaco 4 vezes maiores nas regiões agrícolas da Europa iStock

Os níveis de amoníaco (NH3) são, em média, quatro vezes maiores nas regiões agrícolas europeias em comparação com áreas não agrícolas, revelou um estudo que analisou as fontes de amoníaco que poluem o ar e prejudicam a saúde e os ecossistemas.

Os investigadores recolheram medições em 69 locais no Reino Unido e na Europa, tendo ainda concluído que a agricultura também contribuiu para a presença de amoníaco detetada em subúrbios de muitas cidades.

 

Jenny Hawley, gestora de regulamentações da instituição de caridade Plantlife, citada pelo The Guardian, afirmou que “as emissões de amoníaco estão a destruir plantas selvagens, líquenes e fungos nos nossos prados, florestas nativas e outros habitats de vida selvagem”.

E continua: “mais de 90% da massa terrestre do Reino Unido sofre de concentrações de amoníaco que são muito altas para que líquenes, musgos e hepáticas sensíveis possam prosperar. Isto causa a perda de espécies, menor resiliência às alterações climáticas, pragas e doenças, e até danos tóxicos diretos”.

 

Mais de 80% do amoníaco que penetra no ar vem da agricultura, mais especificamente fertilizantes de nitrogénio e dejetos animais, salientou o estudo.

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o amoníaco “é originário de fontes naturais e antropogénicas, sendo a principal fonte a agricultura”, através, por exemplo, da degradação e volatilização da ureia, adubos, lamas, produção e aplicação de fertilizantes e queima de biomassa.

 

No mesmo sentido, a APA refere ainda que o amoníaco é também emitido por conversores catalíticos em carros a gasolina, aterros sanitários, esgotos, compostagem de materiais orgânicos, combustão, indústria e mamíferos selvagens e aves.

O amoníaco detetado pelos investigadores próximo a estradas movimentadas era cerca de 40% maior do que em outras partes das vilas e cidades analisadas devido às emissões de gases provenientes de diesel e gasolina, refere o estudo.

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O estudo sugere também que, para esta situação, sejam implementados padrões mais rígidos para veículos novos.

De acordo com os investigadores, “é provável que o amoníaco seja adotado como combustível para navegação e para produção de energia no futuro, mas a agricultura continuará a ser a sua principal fonte”.

No entanto, segundo a análise, o maior impacto para a saúde ocorre quando o amoníaco reage com a poluição atmosférica proveniente do tráfego e da indústria, formando partículas poluentes.

Katie Wyer, da University College Dublin e citada pelo The Guardian, afirmou num estudo que realizou sobre o tema que “é imperativo que a produção de alimentos não prejudique a nossa capacidade de respirar, especialmente onde as reduções nas emissões de amoníaco podem ser mais fáceis de alcançar do que outros poluentes”.

Recorde-se que o amoníaco é um gás altamente reativo e solúvel, de acordo com a APA, o excesso de azoto na atmosfera pode causar “eutrofização e acidificação nos ecossistemas, levando a alterações na composição de espécies e outros efeitos negativos”.

Para reduzir as emissões deste poluente, a APA refere a existência de vários instrumentos disponíveis, tais como documentos de Referência sobre as Melhores Técnicas Disponíveis, que estabelecem as melhores práticas e valores de emissão associados para o controlo das emissões nas atividades onde estas são mais significativas.

No mesmo sentido, foi também criado um quadro de referência para a redução de emissões de amoníaco proveniente dos setores agrícola e pecuário, sob a alçada da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) que sistematiza as melhores práticas a implementar em cada tipo de explorações.