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Proposta de Reforma da PAC

Proposta de Reforma da PAC

A proposta para a reforma da PAC já foi apresentada. Dacian Ciolos, Comissário Europeu da Agricultura partilhou as linhas mestras do futuro dos apoios agrícolas que insistem no conceito dos pagamentos verdes e de agricultores ativos. A VIDA RURAL deixa-lhe as principais propostas e a posição oficial do Governo português.

Para a próxima edição fica prometida uma análise de fundo a estas diretrizes e as reações das principais organizações de agricultores.

Apoios diretos, mecanismos de mercado e desenvolvimento rural são as três áreas fundamentais da nova Política Agrícola Comum.

 

Ficam as propostas e os comentários oficiais do ministério da Agricultura.

 

 

Apoios diretos

 

 

Convergência

 A Comissão Europeia propõe a introdução do princípio da convergência ao nível dos pagamentos diretos, entre países, aproximando o nível de apoio de cada país à média da União Europeia e, dentro do país, entre agricultores.

 

 

Posição portuguesa

A proposta é pouco ambiciosa em termos de convergência entre Estados membros, propondo uma aproximação de apenas um terço da diferença à média europeia. Países como Portugal sobem, mas não o suficiente.

Para além disso, propõe que a introdução da ajuda uniforme se faça apenas daqui a dois quadros financeiros. Em contrapartida, a Comissão parece muito mais ambiciosa na maior convergência dentro de cada país, em que propõe uma ajuda uniforme já em 2019.

 

Pagamentos diretos ‘verdes’

É proposto um novo desenho dos pagamentos diretos com uma ajuda uniforme de base complementada por vários prémios.

Um deles, o mais significativo, é um pagamento ecológico que consiste numa ajuda obrigatória através do cumprimento de certas práticas culturais amigas do ambiente. Na base estão a manutenção de pastagens permanentes e diversificação de culturas (pelo menos três culturas) e manutenção de uma área ‘ecológica’ de pelo menos 7%.

Outro pagamento complementar será um possível pagamento ligado.

 

Posição portuguesa

A pertinência e abrangência destas medidas necessitam de uma reflexão a nível nacional e da União Europeia.

No caso concreto do pagamento complementar, temos de ter, a nível nacional, uma análise e discussão sobre a necessidade de onde, e de que forma, deveremos manter pagamentos parcialmente ligados. Em qualquer caso, a possibilidade deve existir.

 

Jovens Agricultores

Está prevista uma ajuda adicional de mais 25% para jovens agricultores (até 40 anos) nos primeiros cinco anos de instalação, limitada a uma área máxima.

 

Pequenos agricultores

Os pequenos produtores que queiram receber ajudas a partir de 2014 devem decidir até 15 de outubro desse ano devem ficar enquadrados no ‘Small Farmers Scheme’ e receber uma ajuda anual fixa pelos estados-membros entre 500 e 1000€, de acordo com a área.

 

Posição portuguesa

No caso dos pequenos agricultores, Portugal considera que a pequena agricultura é estruturante da economia das zonas rurais portuguesas. O regime simplificado de ajudas às pequenas explorações pode ser positivo. Em Portugal, 55% dos beneficiários têm pagamentos diretos até 600 euros.

 

Agricultores ativos

Para definir Agricultor Ativo, a Comissão propõe dois critérios: um, em que estabelece um peso mínimo de 5% dos pagamentos diretos face às receitas não agrícolas do beneficiário, outro, que obriga à manutenção de alguma atividade agrícola na exploração.

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Posição portuguesa

O critério que compara os pagamentos diretos com as receitas não agrícolas, cujo controlo administrativo terá um peso assinalável, carece de eficácia a adequação. Já o critério de manutenção de atividade agrícola na exploração é fundamental, e pode contribuir a evitar o abandono.

 

Mecanismos de Mercado

A Comissão Europeia propõe a manutenção dos mecanismos de mercado existentes, incluindo a intervenção e as ajudas ao armazenamento privado, que provaram ser mecanismos importantes para ajudar os produtores em épocas de crise de mercado. Mas serão revistos para serem mais eficientes.

As quotas de leite e direitos de plantação de vinha vão mesmo acabar, como previsto, e a produção de beterraba sacarina também vai passar a ficar desligada (em Portugal já não existe quota).

A Comissão propõe ainda um Programa de Distribuição de Fruta e Leite nas Escolas e insiste na necessidade de criar e incrementar as organizações de produtores, de forma a reforçar a sua posição nas negociações com a indústria e distribuição.

 

Posição portuguesa

É importante que a União Europeia mantenha alguma segurança dos preços nos casos de crise.

A inserção de medidas associadas ao funcionamento da cadeia alimentar, em que destaca o alargamento das regras relativas a Organizações Interprofissionais é positiva. Este é, no entanto, outro ponto em que é importante que a Comissão seja ainda mais ambiciosa.

Relativamente a quotas leiteiras e direitos de plantação de vinha, Portugal lamenta que a Comissão não tenha ouvido a opinião do Parlamento Europeu que aponta para uma posição mais prudente para evolução futura destes dois setores.

 

Desenvolvimento Rural

 

O Programa de Desenvolvimento Rural foi desenhado em função de seis prioridades:

 

– Promover a transferência de conhecimento e inovação

– Melhorar a competitividade

– Promover a organização da cadeia alimentar e a gestão de risco

– Restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas

– Promover a gestão de recursos eficiente e a transição para os créditos de carbono

– Promover a inclusão social, redução da pobreza e o desenvolvimento económico nas áreas rurais.

 

 Posição portuguesa

Ao nível dos instrumentos de Desenvolvimento Rural, alguns elementos são positivos:

– A introdução de mecanismos de gestão de risco na PAC

– A inclusão de Apoio a linhas de crédito

– O apoio à constituição de novas Organizações de Produtores é positiva mas insuficiente.

– A inclusão de um pacote de medidas para os jovens também é positiva. Em Portugal, apenas 2% dos agricultores têm menos de 35 anos.

– Negativa, é a exclusão do regadio como medida elegível para o Desenvolvimento Rural.

Em conclusão, as propostas têm elementos positivos mas também têm outros que vão ser um desafio negocial para Portugal.