As empresas ITS e Luís Leal e Filhos lançaram um sistema que reduz os riscos ambientais e de saúde pública na recolha e tratamento de cadáveres de suínos, que já está a ser implementado em Portugal.
O sistema, que corresponde ao investimento de 5 milhões de euros por parte das duas empresas, consiste na instalação de câmaras de refrigeração com contentores de inox numa zona limpa da exploração, junto à entrada. A esta estrutura é dada o nome de necrotério. É composta por duas portas uma para fazer o abastecimento e outra para a recolha.
“Os resíduos são recolhidos em veículos próprios e licenciados para fazer só o transporte. Têm sistemas de insecto-dispersores para afastarem as moscas quando se abrem e fecham as portas. Os veículos garantem a temperatura mínima de 5.° C para que os cadáveres não tenham odor”, explica Luís Realista, administrador da ITS, à Vida Rural.
Os cadáveres são registados numa ficha e ficam acumulados na câmara durante sete dias. O necrotério é um contentor robusto com fechaduras, portas e alarme. Aos suinicultores cabe a função de arranjar uma base para implementar o contentor e a ligação de electricidade.
“De 1 de Julho a 30 de Agosto conseguimos dar resposta a 70% da suinicultura portuguesa”, disse o administrador da ITS. Convém explicar que as zonas não remotas, atingidas por este tipo de recolha, representam 80% da suinicultura portuguesa.
Este tipo de tratamento dos cadáveres de suínos foi implementado pelo SIRCA/Suínos (Sistema de recolha de Cadáveres de Animais nas Explorações) através do Decreto-Lei n.° 244/20003, como forma de salvaguardar a saúde animal e pública. Defende a recolha dos cadáveres armazenados em contentores devidamente identificados num prazo de 48 horas, excepto nas situações em que existam câmaras de refrigeração, nas zonas não remotas. Caso a suinicultura seja localizada numa zona remota deve proceder-se ao enterramento dos cadáveres num local suficientemente distante das explorações vizinhas, instalações e habitações, como de cursos de água ou lençóis freáticos existentes. A vala deve ser escavada de forma inclinada para evitar possíveis desmoronamentos e os cadáveres deverão ser cobertos com cal viva e terra logo de seguida.
O custo do serviço é numa primeira fase financiado pelo Estado, através de uma eco taxa paga por abatimento de animal. Após esse período o suinicultor passa a pagar dois cêntimos e meio por quilo de porco abatido. Segundo Luís Realista, este é um valor muito elevado para os suinicultores. A Direcção Geral de Veterinária está a analisar uma redução do valor a pagar pelo suinicultor.