O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou esta terça-feira um plano “sem precedentes” para a crise que se faz sentir no sector agrícola. Serão atribuídos 1.650 milhões de euros, incluindo 650 milhões de “ajuda excepcional” e mil milhões de empréstimos bonificados.
Mesmo sendo a principal beneficiária da Política Agrícola Comum (PAC) a França enfrenta sérios problemas na agricultura. As receitas sofreram uma quebra na ordem dos 10 a 20% em consequência da diminuição das cotações dos seus produtos nos mercados. Segundo Sarkozy, os preços na produção agrícola recuaram 20% num ano, enquanto que os preços para o consumidor baixaram 1%.
O governo francês vai dar a título de “ajuda excepcional do Estado” 650 milhões de euros para o sector e conceder mil milhões de euros em empréstimos, a taxas de juros vantajosas, de 1 a 1,5% ao ano.
“Não aceito que a agricultura francesa seja dominada pela crise. Não vim anunciar, como outros, um plano de subvenções contrário às regras europeias. Vim propor um plano sem precedentes de ajuda à nossa agricultura”, disse o presidente francês.
A ajuda disponibilizada não é um apoio directo à produção agrícola francesa, o que poderia ser imediatamente rejeitado pela Comissão Europeia por distorcer os preços dos produtos.
Este montante diz respeito em boa parte a reduções ou isenções fiscais por um determinado período, sendo caracterizado, mesmo assim, como um subsídio aos agricultores, ainda que não esteja directamente ligado à produção agrícola.
Em Agosto passado, a Comissão Europeia exigiu que a França reembolsasse 500 milhões de euros por ter concedido subsídios indevidos aos produtores de frutas e legumes durante dez anos. A ajuda havia sido dada durante o período devido à conjuntura económica e a problemas climáticos.
Nas últimas semanas, produtores de leite fizeram inúmeros protestos em toda a França despejando milhões de litros de leite em ruas e em campos de todo o país, alegando ter prejuízos com a venda.
O presidente francês declarou que o plano vai ser “totalmente aplicado” até ao final deste ano.