Os produtores de leite da Leicarcoop querem ser ouvidos pelo ministro da Agricultura, Capoulas Santos, “com caráter de urgência” e dizem que a cooperativa se encontra numa “situação de emergência” devido à queda do preço do leite e a “erros de gestão” que já causaram um “atraso de três meses do pagamento”. Em causa estão 60 explorações agrícolas e centenas de produtores de leite, segundo a cooperativa.
Numa nota enviada às redações esta quarta-feira (3 de agosto) a comissão de gestão em funções refere que no passado mês julho decorreu uma assembleia da qual resultou a aprovação da demissão da direção da cooperativa.
“A nova equipa em funções deparou-se com graves dificuldades financeiras, elevadas dívidas, bem como um pedido de Processo Especial de Revitalização de Empresa, que traduz a dificuldade da anterior direção em encontrar um novo rumo e estratégia para a Leicarcoop. No entanto a atual comissão de gestão durante a sua curta vigência, já retomou relações comerciais com antigos parceiros, já renegociou preços de leite e prazos de pagamento, permitindo uma vantajosa e imediata valorização do preço de leite, nalguns casos acima dos 30%, bem como já proporcionou uma antecipação de fluxo financeiro para os produtores, possibilitando que pagamentos semanais resolvam problemas prementes e urgentes”, refere a comissão em comunicado.
Contudo, nos últimos dias, a anterior direção fez saber que “deu entrada de vários procedimentos cautelares em tribunal no sentido de impedir que a comissão em gestão possa tomar decisões que permitam a recuperação da Leicarcoop.”
De acordo com a comissão de gestão da Leicarcoop, “muito mais que um problema do setor do leite, esta situação é uma questão de emergência social e colapso do setor na região. Não há dinheiro para pagar a fornecedores de fatores de produção, eletricidade, segurança social, encerrando explorações de forma consecutiva, criando desemprego, falências das empresas e das famílias, num quadro de dificuldade económica gritante havendo mesmo casos, em que falta pão na mesa em muitos lares.”
A Leicarcoop refere, por fim, que quer ser recebida pelo Ministro da Agricultura com “caráter de urgência”, assim como pela CAP e Câmaras Municipais das regiões de Entre-Douro-e-Minho, onde estão instalados os produtores.