O Observatório do Sobreiro e da Cortiça, em Coruche, recebeu ontem (29 de outubro) vários representantes da Administração Central e Regional e um conjunto alargado de produtores agroflorestais dos montados de sobro e azinho para discutirem os modelos de integração das medidas climáticas e ambientais da nova PAC. A reunião surge no âmbito do projeto ECOPOL para a internalização da narrativa funcional do montado na formulação, acompanhamento e avaliação das políticas de desenvolvimento rural.
Em comunicado, a União da Floresta Mediterrânica (UNAC) refere que, na sessão, foram apresentados os resultados do projeto, que teve como objetivo a identificação dos serviços de ecossistema providenciados pelo montado e a sua valorização económica, de acordo com os resultados científicos disponíveis e já publicados. Foram ainda discutidas as medidas de remuneração dos serviços de ecossistema previstas para a próxima PAC 2021-2027.
Os grupos focais do projeto ECOPOL chamam a atenção para três aspetos, nomeadamente:
- A solidez da abordagem e da justificação científica e metodológica, que permite alicerçar futuras decisões no âmbito dos programas de financiamento;
- A importância da abordagem à escala da paisagem, evitando a compartimentação e pulverização de áreas;
- A necessidade de uma maior clarificação das normas técnicas de produção nos sistemas agroflorestais de montado e da incorporação das mesmas na arquitetura das medidas da PAC pós 2020.
“A existência desta informação estruturada e consolidada permitirá estabelecer objetivos razoáveis em termos de remuneração dos serviços prestados à sociedade pelos montados, os quais têm necessariamente de estar ajustados com os ciclos naturais das espécies, que neste caso são de centenas de anos”, refere a UNAC.
“A salvaguarda dos mesmos [ecossistemas] no longo prazo deve ser recompensada pelos instrumentos disponíveis, pois só esses podem potenciar e complementar os investimentos privados que as trouxeram até ao dia de hoje”, conclui.