No Grupo Luís Vicente a hora é de investimento. A fábrica de fruta fresca cortada de quarta gama recentemente inaugurada e o início da construção de uma fábrica de fruta 100% crocante, previsto para o segundo semestre de 2014, representam um investimento total de cinco milhões de euros e permitem democratizar o consumo deste tipo de produto.
O Grupo Luís Vicente está há meio século no mercado nacional e exporta fruta portuguesa há mais de 20 anos. Atualmente, o grupo vende frutícolas para 35 países e tem um orçamento global de 60 milhões de euros, dos quais cerca de 55% estão previstos terem proveniência internacional. O objetivo da empresa em exportar cerca de 15 000 toneladas de fruta e legumes portugueses vai representar um volume de negócios de 15 milhões de euros. O grupo emprega 200 pessoas em regime efetivo e 150 em regime sazonal e tem uma área de instalações em Portugal de 40 000 m2.
Muito mais do que vender fruta
Recentemente inaugurada, a Nuvi Fruits, a nova unidade de produção de fruta representa um investimento de dois milhões de euros. A nova fábrica, localizada na região Oeste, criou 30 postos de trabalho diretos e irá colocar no mercado fruta fresca cortada de 4.ª gama, fruta minimamente processada e sobremesas de fruta que vão desde as mais simples às enriquecidas com adição de vitaminas, minerais e simbióticos. A unidade industrial agora inaugurada tem ainda capacidade instalada para produzir sobremesas de fruta com chocolate, com pudim, com gelatina e também as chamadas sopas de fruta com base láctea. Disposta a conquistar o mercado português da grande distribuição, o canal HoReCa, o comércio tradicional, instituições e companhias aéreas, a Nuvi Fruits pretende contribuir para aumentar a competitividade da região Oeste.
Os números e as novidades não deixam margem para dúvidas: este grupo está bem e recomenda-se e é um exemplo de resiliência em período de crise e conjuntura económica particularmente difícil. No entanto, como explica Manuel Évora, administrador do Grupo Luís Vicente, SA “este é um setor em que é difícil inovar em pouco tempo mas um grupo desta natureza que comercializa fruta há 50 anos, tem de olhar para o mercado e verificar que pode fazer algo mais do que vender fruta. Foi isso que fizemos”. Após uma análise do consumo per capita e da empresa ter verificado que os excelentes resultados de há 10 anos foram invertendo nos últimos cinco, houve a necessidade de olhar para os números e entendê-los enquadrados na conjuntura económica que Portugal está a viver. “A crise teve um forte impacto nesta descida, porque parte da população vê a fruta como uma sobremesa, e é neste setor onde os consumidores mais ‘cortam’ nas suas compras”, explica Manuel Évora. Acabou por perceber-se que os consumidores têm cada vez menos tempo para preparar a fruta, muito justificado pelo ritmo de vida atual.
Nova fábrica aumenta presença na distribuição
“Este é um projeto-piloto que está a ser testado desde há seis anos. Na minha opinião, nesta altura de crise, as empresas têm de saber estar e fazer investimentos até para demonstrar a sua força, dimensão e oportunidade”, salienta Manuel Évora. Nas várias análises efetuadas, a empresa percebeu que a falta de tempo para consumir fruta pode dar lugar à oferta de fruta fresca pronta a consumir. “Podemos também aproveitar o facto de os consumidores levarem o nosso produto para casa sem terem de disponibilizar muito tempo para o seu consumo. A empresa tem de garantir que a matéria-prima seja excecional em termos de sanidade e ao gosto do consumidor, o que exige muito de nós pois os consumidores portugueses são uns privilegiados no mundo, uma vez que o sabor das frutas em Portugal é fantástico, quando comparado com outros países”, sublinha o administrador.
Este produto é mais caro do que fruta convencional pois houve um grande investimento à sua volta, em tecnologia, em rigor, em controlo, em técnicos, etc. “Sendo mais caro, por vezes é preciso fazer contas. A empresa tem de garantir que dentro daquelas embalagens vai fruta fresca e pronta a consumir, dentro dos parâmetros de características organoléticas que os consumidores gostam e é aqui que a notoriedade da empresa é posta à prova”, adianta Manuel Évora.
Com a nova tecnologia desenvolvida pelos técnicos e responsáveis da fábrica e por uma empresa portuguesa, foi possível chegar de oito a dez dias de validade dos produtos, o que permite que os produtos estejam disponíveis em casa do consumidor durante mais tempo. “Isto dá-nos a oportunidade de chegar a algumas cadeias logísticas portuguesas mais longas e só é possível investir milhões numa fábrica quando conseguimos rentabilizar esses investimentos e abrir oportunidades em países como Espanha onde a oferta destes produtos é muitíssimo baixa”, adiantou o responsável. Em Portugal, a fruta fresca cortada de 4.ª gama está presente em vários locais, como por exemplo, a Sonae, a Jerónimo Martins, a Auchan, o El Corte Inglés e estará “em breve no DIA e no Intermarché”. A nova fábrica permite ao Grupo estar presente “em mais locais de distribuição, com maior capacidade de produção e de resposta, maior rentabilização das frutas que são utilizadas e melhor competitividade nos produtos que vamos disponibilizar aos consumidores”, foca Manuel Évora. Recentemente foi feita uma proposta ao Grupo para entrar nas companhias de aviação, sobretudo no que respeita às viagens de longo curso da TAP, permitindo promover a fruta portuguesa pelo mundo. “Temos ainda o canal HoReCa para trabalhar, e o mercado é hoje cada vez mais abrangente para o nosso setor. O principal objetivo é democratizar o consumo da fresca fruta cortada”, diz-nos o administrador.
A fábrica, que constitui um marco inovador no setor das frutas e legumes em Portugal, vai permitir criar e desenvolver uma gama alargada de referências com base em fruta portuguesa como maçãs, peras, laranjas, morangos, romãs, melões, melancias e meloas. A Nuvi Fruits efetuou acordos de parceria com organizações de produtores de todo o país que serão a fonte de abastecimento desta unidade fabril e o principal mercado externo é o espanhol, devido à proximidade e tendo em conta a especificidade destes produtos que possuem um prazo de validade curto.
Nova fábrica representa um investimento de 3 milhões de euros
Foi anunciado um novo investimento de três milhões de euros em fábrica, para muito breve, destinado ao projeto de fruta 100% crocante, marca Frubis, que deverá ser incrementado com inovações tecnológicas, que têm vindo a ser estudadas e trabalhadas por uma equipa multidisciplinar de caráter científico. O novo projeto Frubis prevê que em 2016, ano cruzeiro da fábrica, necessite de 24 000 toneladas de fruta em natureza, contribuindo fortemente para o aumento de competitividade do setor.
“A fábrica começará a ser construída no 2.º semestre de 2014, a sua construção demorará um ano e deverá estar pronta no 2.º semestre de 2015. O ano de 2016 será o primeiro grande ano da nova fábrica e em que projetamos vendas na ordem dos oito milhões de embalagens de Frubis de fruta 100% crocante”, revelou Manuel Évora. Esta novidade está envolvida de grandes expetativas por parte do administrador e dos profissionais do Grupo. “As empresas que não inovarem nesta altura não conseguem sobreviver. É preciso este dinamismo e perspetivas futuras. Nos próximos anos, temos muitas novidades para apresentar. Estamos a falar de produtos com prazos de validade de cerca de um ano, o que nos permitirá exportar fruta 100% crocante para países em todo o mundo, em distâncias a que nunca conseguiríamos chegar”, conclui.
Artigo em colaboração com a revista DISTRIBUIÇÃO HOJE publicado na edição de junho de 2014 da revista VIDA RURAL