Bruno Fonseca, CEO da Agroop, tem formação em design e a ideia para a solução Agroop Operacional surgiu “por acaso, quando estava a fazer um rebranding, no âmbito da tese de Mestrado, numa empresa da zona de Idanha-a-Nova, e me disseram que não existia uma ferramenta de gestão agrícola que fosse intuitiva e que permitisse colocar as operações no terreno e respetivos custos”.
Assim, Bruno Fonseca pesquisou e convidou o colega Bruno Rodrigues a embarcar nesta ‘aventura’, ao abrigo da iniciativa “Passaporte para o Empreendedorismo” passaram um ano, com uma bolsa, a falar com organizações de produtores e outros agentes e em 2014 decidiram criar a Agroop, propondo a desenvolvimento do produto através de uma campanha de crowdfunding, onde conseguiram a totalidade (e mais) do financiamento pretendido – 75 mil euros – em troca de 5% do capital da empresa. “Somos, até hoje, a única empresa nacional que conseguiu atingir o objetivo numa campanha de crowdfunding”, regozija-se o CEO adiantando que “entretanto, além da solução Agroop Operacional já desenvolvemos também um multisensor – o Stoock – de humidade no solo, pluviómetro e temperatura”, que une as funcionalidades de vários equipamentos hoje existentes, como sondas de humidade e as principais valências das estações meteorológicas. Este equipamento foi recentemente um dos três projetos finalistas do concurso EDP Inovação.
Voltando agora ao Agroop Operacional, Bruno Fonseca explica à VIDA RURAL que “é um software que pode ser instalado no smartphone e onde o agricultor, após caraterizar a exploração, culturas e recursos disponíveis, entre outras informações, pode registar todas as operações culturais, identificando o que foi feito, por quem e durante quanto tempo, e a aplicação gera gráficos que vão apresentando os custos associados”, incluindo consumos de água e eletricidade.
A solução está já em teste desde o mês de novembro em 20 explorações diversas e “temos vindo a introduzir algumas melhorias a partir do feedback dos nossos beta-testers e estará disponível para teste a partir de 5 de janeiro, através da ‘comercialização’ gratuita durante um mês”, adianta o empreendedor.
A partir daí o plano base deverá rondar os 20€ mensais, incluindo já também, a partir de fevereiro, uma outra funcionalidade, acrescenta Bruno Fonseca, “de introduzir as vendas e integrá-las com um programa de faturação”, subscrito pelo agricultor à parte, sendo que a Agroop está já a negociar com uma empresa desta área.

O CEO da startup salienta que, “como o nosso objetivo sempre foi a internacionalização, precisávamos de soluções escaláveis e que pudessem ser facilmente comercializadas via web e instaladas pelo próprio agricultor, daí ter surgido o Stoock, a ser vendido como um segundo pack em conjunto com a Agroop Operacional” e que deverá estar disponível a partir de meados de 2016.
O primeiro protótipo do Stoock detetava a humidade do solo, a humidade e a temperatura do ar, a velocidade do vento e a radiação solar. Mas a Agroop decidiu depois avançar para um equipamento ainda mais funcional com um menor número de sensores.
Através da recolha destes dados e devido à comunicação com a Agroop Operacional “o sistema conseguirá calcular o índice de evapotranspiração e o balanço hídrico das culturas, evitando desperdícios hídricos e energéticos muito significativos”.
Bruno Fonseca especifica que “o sistema combinado, conseguirá construir algoritmos agronómicos para prever rega, fertilização, tratamentos, pragas, condições climáticas, custos de produção, etc.” e adianta que “o nosso objetivo é integrarmos mais parâmetros e funções”.
Em 2016 a Agroop vai avançar para uma nova ronda de investimento, focando-se no capital de risco e no venture capital, “abrindo primeiro a investidores internacionais”.