A utilização do nome de uma região para designar um produto nela produzido, associar as características diferenciadoras dos produtos ao contexto geográfico da região de origem ou garantir um processo tradicional de produção de um determinado produto alimentar como o vinho, queijo, presunto, enchidos, azeite, azeitona, pão, frutas e vegetais transporta o consumidor (que a conhece) para essa região ou tradição de fabrico.
No mercado nacional, em teoria, esta associação parece resultar, mas os custos associados à utilização destas distinções regionais são, muitas vezes, difíceis de recuperar pelas empresas que os suportam, porque os consumidores não as valorizam o suficiente para fazer face ao custo da sua utilização.
As experiências que temos recolhido no mercado internacional, nos casos do azeite e da azeitona de mesa, validam esse mesmo sentimento. Na China, Brasil, Canadá ou EUA, com excepção dos luso-descendentes, a associação a uma determinada região é igualmente pouco valorizada.
Se fizermos uma reflexão sobre as DOP de outros países reconhecidas em Portugal, podemos retirar conclusões sobre o reconhecimento das nossas DOP noutros mercados. Para além do champanhe francês, do presunto espanhol e de alguns queijos italianos, poucas são as DOP de outros países reconhecidas em Portugal, pelo que o reconhecimento das nossas DOP no mercado internacional não é muito distinto e efectivamente não acarreta, por si só, uma mais-valia elevada.
Quando se associa Portugal à Europa e ao Mediterrâneo e a nossa alimentação (e produtos alimentares) à alimentação mediterrânica, o caso muda de figura. Produtos como o azeite, que constituem uma alternativa mais saudável às gorduras tradicionalmente utilizadas noutros países, ganham uma dimensão e interesse crescente nestes países e tornam-se inclusive uma excelente porta de entrada para outros produtos portugueses, como o vinho e os queijos.
Pela experiência que temos recolhido com a Terra Premium (www.terrapremium.com) em mercados internacionais, geralmente, a utilização de distinções regionais reforça a mensagem de genuinidade dos produtos e reduz o risco de contrafacção, garantindo ao consumidor (cada vez mais alerta) que está a consumir um produto com as características que deseja e pelas quais está disposto a pagar um pouco mais.
Na China, por exemplo, apesar de não existir um conhecimento profundo do nosso País e das nossas regiões, existe um claro reconhecimento pela alimentação mediterrânica e o “selo” de distinção regional permite uma valorização no mercado.
Noutros mercados, como o Brasil, em que o azeite Português já possui um reconhecimento elevado, sendo inclusive considerado o melhor do mundo, a mais-valia de referência às distinções regionais dos azeites portugueses não é tão importante, mas permite um mais fácil acesso ao mercado.
Em suma, as distinções regionais não são uma característica distintiva, por si só, nos mercados internacionais. No entanto, a existência de um “selo”, pode atenuar as dificuldades inerentes ao desconhecimento de uma marca ou ao pouco reconhecimento que os produtos portugueses por vezes têm no acesso aos diferentes mercados.