Não é apenas a tecnologia que influencia a forma de regar, mas também é importante analisar a mentalidade dos agricultores e a sua forma de fazer agricultura que também tem evoluído muito e rapidamente.
Onno Schaap, da Aquagri, afirma que há uma nova geração de agricultores, filhos de agricultores, “que tomam as rédeas nesta área das novas tecnologias usadas no regadio, e noutras áreas da agricultura. E também, há o caso de muitos outros novos agricultores, vindos de outros setores, que têm uma recetividade muito grande a estas tecnologias”.
Esta nova geração tem, muitas vezes, cursos de agronomia ou gestão e encara a exploração agrícola de uma forma muito mais empresarial e profissional. Uma questão também referida por Alexandre Castilho, diretor-geral da Hidro Ibérica.
Onno Schaap lembra ainda que muitas mudanças ocorreram no território nacional na forma de encarar e fazer agricultura e, nomeadamente o regadio, devido a Alqueva, por exemplo, mas não só, “também no Ribatejo, em Odemira e no Algarve. E mesmo nas regiões mais a norte, como pudemos constatar com os vários casos apresentados na recente Conferência da Vida Rural, no Porto”.
O diretor técnico do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), Gonçalo Rodrigues, também fala de uma nova geração de agricultores mais aberta à tecnologia, e mais atenta à eficiência e poupança necessária, económica e ambientalmente falando e salienta que “estamos a sentir o ‘efeito Alqueva’ que trouxe uma abertura de mentalidades para que todos quisessem fazer melhor.
Toda a agricultura está mais profissionalizada, com a participação das associações de regantes e das organizações de produtores, com recurso à tecnologia que permite uma gestão muito mais eficaz da rega. “Só não usa quem não quer, porque a tecnologia está disponível para quase todos os agricultores”, frisa Miguel Holstein Campilho, administrador da Lagoalva Equipamentos e Serviços.
Vários responsáveis com quem a VIDA RURAL falou, seja da área dos sistemas de rega como dos equipamentos de monitorização de clima e solo, salientam que muitos dos seus clientes são precisamente Organizações de Produtores (OP) que, conseguem assim uniformizar o modo de produção dos seus associados.