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Vinhos

Companhia das Quintas aposta em vinhos com valor acrescentado e na exportação

Bernardo Gouvea Companhia das Quintas

Atualmente com cinco propriedades, a Companhia das Quintas mantém-se na ginástica da reestruturação. O negócio foi repensado e diferentes fatores levaram a que o departamento técnico tivesse também alterações. O equilíbrio das contas está previsto para daqui a três anos. O gestor, Bernardo Gouvêa, tece várias críticas ao conjunto dos atores do setor, mas não se exclui da reprimenda.

A venda da Quinta da Romeira, em Bucelas, em 2014, voltou a colocar a questão da saúde financeira da Companhia das Quintas. Bernardo Gouvêa, presidente-executivo da empresa, afirma que o negócio vem no seguimento da reestruturação que tem vindo a ser desenvolvida, que visa o equilíbrio financeiro.

“A estratégia era, além de organizacional, de reequilíbrio das contas, que passava pela venda de ativos”, adianta o gestor. “A Romeira foi uma oportunidade que surgiu”. O gestor afirma que não procurou comprador, mas que lhe foram bater à porta. Quanto ao valor da transação, Bernardo Gouvêa não revela o montante.

A alienação desta quinta emblemática de Bucelas teve um forte impacto na estrutura da Companhia das Quintas, pois ali tinha centralizada a maior parte de armazenamento, enchimento, rotulagem e logística das diversas propriedades – Quinta da Fronteira (junção de dois domínios – Douro), Quinta de Pancas (Lisboa), Quinta do Cardo (Beira Interior), Herdade da Farizoa (Alentejo) e Caves Borlido (Anadia). Assim, todo o processo industrial foi transferido para a central em Sangalhos.

“Além disso, a Quinta da Romeira era um ex-líbris, mas tinha a limitação de estar num nicho de mercados – e apenas produzia brancos – e na exportação não estava a crescer tanto quanto as outras quintas”.

A Quinta da Romeira foi constituída no século XVII – oferta da Rainha Consorte de Carlos II (Inglaterra, Escócia e Irlanda) a Luís de Vasconcelos e Sousa, terceiro conde de Castelo Melhor, que instituiu o Morgadio de Santa Catherina – tendo conhecido vários proprietários, entre os quais o famoso magnata do mundo dos vinhos, do século XX, João Camillo Alves.

Atualmente, o vinho de mesa representa cerca de 20% do negócio. “Neste momento, os vinhos de quinta já representam cerca de 50% e a empresa descontinuou a compra de vinhos regionais a granel”.

Exportar mais é a vontade

Bernardo Gouvêa afirma que a empresa está atualmente “extremamente virada para a exportação de vinhos de quinta. É essa a estratégia de crescimento”. A Companhia das Quintas tem três vertentes de negócio, duas delas de vinho – mesa e de quinta – e licores, com uma gama variada.

A alteração de rumo da Companhia das Quintas acontece em 2008, com a entrada do atual gestor, de acordo com o que afirma: “O que acontecia, há cerca de dez anos, era que tínhamos duas quintas conhecidas – Romeira e Pancas – e outra com alguma – a do Cardo. A Quinta de Fronteira e a Herdade da Farizoa são mais recentes. Grande parte das vendas estava concentrada no mercado nacional e nos vinhos de mesa e nos regionais comprávamos, a granel, cerca de 30%”.

Nessa altura, o negócio centrava-se nos licores e nos vinhos de mesa, sendo estes responsáveis por perto de 70% do negócio em valor. Atualmente, o vinho de mesa representa cerca de 20% do negócio. “Neste momento, os vinhos de quinta já representam cerca de 50% e a empresa descontinuou a compra de vinhos regionais a granel”.

Em 2008, as exportações representavam cerca de 7,7% do volume de negócios. Em 2014, as vendas ao estrangeiro rondaram os 29,5% da faturação. “Desde 2008, a exportação cresceu 22%”.

Em termos de valor, em 2008 o volume de vendas foi de 9,6 milhões de euros, dos quais 740 000 de euros realizados no estrangeiro. Em 2014, o volume de negócios totalizou 7,8 milhões de euros, tendo a exportação sido de 2,3 milhões de euros.

Cada mercado tem as suas preferências. Bernardo Gouvêa adianta que, em Portugal, é muito difícil vender vinho da Quinta do Cardo, porque a região da Beira Interior “é pequena e esquecida”. Porém, vende-se bem nos Estados Unidos da América, tal como os da Quinta da Fronteira (Douro). Angola prefere os tintos do Alentejo (Herdade da Farizoa) e do Douro, tal como acontece no Brasil. A Rússia é abrangente, mas a Quinta de Pancas vende-se bem. A China prefere o Alentejo.

Por que caiu a faturação?

A quebra das vendas deveu-se sobretudo, de acordo com o gestor, com as marcas próprias de vinho comprado a granel e vendidas no mercado nacional. “Não era rentável e implicava um esforço de tesouraria que, nalguns casos, causava prejuízos. Não fazia sentido” – salienta Bernardo Gouvêa.

Quanto ao corrente ano, o objetivo de faturação é idêntico ao conseguido no ano passado. Mas já quanto à exportação, o alvo são três milhões de euros.

A Companhia da Quinta continua com prejuízos. Porém, Bernardo Gouvêa salienta que em termos de EBITDA (lucros antes de impostos, juros, depreciação e amortização) tem vindo a melhorar. “Há ainda muito trabalho a fazer”. O gestor espera conseguir o break-even em 2018.

O plano de negócio da Companhia das Quintas apontou, para o período de 2008 a 2015, os esforços para os mercados de Angola, Brasil, Estados Unidos da América, Rússia e China. Bernardo Gouvêa reconhece que Angola se tornou complicado, nomeadamente devido à queda do valor do petróleo, tal como a Rússia, a que acresceu a situação derivada da Guerra da Ucrânia e queda da cotação do rublo. Porém, as perspetivas para os Estados Unidos da América, China e Brasil são animadoras.

O Reino Unido não foi escolhido como alvo, visto ser muito competitivo, onde as empresas portuguesas têm uma quota inferior a 1% e conhecidas por venderem vinho barato. “A Alemanha é um mercado em que o preço é fundamental, é o mais importante. Na Alemanha, os vinhos premium são muito difíceis de trabalhar”.

Atualmente, a Companhia das Quintas emprega 60 e detém quatro propriedades, as Caves Borlido e a distribuidora Portuvinus, detida a 100%, e que compra as produções. A exceção é o licor Amarguinha, que é distribuído pela Sogrape, a distribuição dos licores passou para a Meiral, proprietária do Licor Beirão.

A Portuvinus tinha dois centros logísticos, junto a Lisboa e Porto, e uma frota automóvel para fazer as entregas diretamente na restauração. Devido à crise económica, a Portuvinus contratualizou em outsourcing, em 2012, com a Luís Simões a distribuição no canal HORECA (hotéis, restaurantes e cafetarias), passando a trabalhar apenas com a distribuição moderna.

Comprar não é objetivo

Bernardo Gouvêa afasta a hipótese de aquisições imobiliárias, nem mesmo de alargamento das atuais propriedades. “Agora é tempo de potenciar o que existe, melhorar a rentabilidade”.

Uma outra opção tomada foi a de conseguir melhoria da qualidade das uvas produzidas. A reestruturação da empresa passou também pela equipa técnica, com a contratação, como enólogo consultor, de John Woronsthac. A saída de Nuno do Ó, que se lançou com uma empresa de consultadoria, em 2013, e o afastamento de João Corrêa, no ano passado e devido a doença, forçaram a mexida na estrutura técnica. Para a direção de enologia foi chamado Frederico Vilar Gomes.

A saída de João Corrêa e a entrada de Frederico Vilar Gomes, somada a uma assinalável diferença de idades e personalidades distintas – o mais velho é mais introvertido e reservado, enquanto o mais jovem é mais dinâmico e aberto a mudanças – implicou assinaláveis alterações de funcionamento. Os trabalhos tornaram-se mais dinâmicos e o novo diretor de enologia permite maior liberdade aos enólogos residentes.

De acordo com Bernardo Gouvêa, atualmente a aposta é na vinha, que a empresa tem vindo a reestruturar, mas sem o cultivo de novas áreas. Quanto a marcas, a novidade são os vinhos, feitos com uvas de agricultura em modo biológico.

Os modos de ser e de estar de Frederico Vilar Gomes permitem uma maior liberdade dos técnicos, autorizados a experimentações, ainda que o diretor se mostre pouco convencido. O principal enólogo manifesta-se favorável à inovação e confia no conhecimento profundo, da propriedade e das vinhas, dos técnicos no terreno.

De acordo com Bernardo Gouvêa, atualmente a aposta é na vinha, que a empresa tem vindo a reestruturar, mas sem o cultivo de novas áreas.

Quanto a marcas, a novidade são os vinhos, feitos com uvas de agricultura em modo biológico, da Quinta do Cardo. Ao mesmo tempo, as várias referências conheceram reformulações gráficas.

Concentração de empresas

O presidente-executivo da Companhia das Quintas não tem nenhum negócio em vista para concentração empresarial. No entanto, Bernardo Gouvêa pensa que o setor teria a ganhar com processos de fusão e de aquisição.

“Seria positivo. O setor precisa urgentemente disso. No mercado externo falta-nos massa crítica”. Porém, reconhece que a mentalidade dos portugueses não é muito aberta a negócios desse carácter. Mesmo sem processos de aglutinação, podem realizar-se planos conjuntos para os mercados externos, defende o gestor.

“Houve o G7… o nosso setor é muito fragmentado, com muitas médias, pequenas e microempresas. E se não houver um esforço, juntar torna-se muito complicado, porque os mercados externos são muito complicados e temos pouca capacidade de concorrer com outros países”.

A união de esforços pode, no entender de Bernardo Gouvêa, “ir mais além no domínio agrícola, com intercâmbios e integração, como no caso do vinho e da cortiça”. O presidente-executivo critica o facto de que “até hoje, não se tenha conseguido uma presença conjunta destas duas fileiras nos vários mercados”.

“Outra lacuna enorme é na cooperação e promoção da imagem de Portugal nos mercados externos. Há inexistência duma estratégia conjunta entre o vinho e o turismo. Não compreendo como é que o Turismo de Portugal e o setor do vinho – fundamentais para as exportações – não conseguem estabelecer uma estratégia conjunta” – afirma Bernardo Gouvêa. O gestor sublinha a importância de se apostar em comunicação, também em publicidade, em vez de visitar todos os mercados.

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O presidente-executivo da Companhia das Quintas diz não entender que não exista uma reflexão que inclua todo o setor, pois verifica-se “a inexistência duma estratégia ao nível da promoção. O que há está completamente ultrapassado, que foi o Relatório Porter, há cerca de dez anos. O que andámos a fazer desde aí? Todos os anos a repetir as mesmas ações. Onde está uma aposta em mercados em desenvolvimento? Como a China, os países do Leste Europeu, Estados Unidos da América ou o Brasil”.

“Em Portugal falamos de marketing, não temos estudos de mercado, faltam bases de dados, o que dá trabalho. Cada estudo é caro, mas é fundamental. No segundo estudo da Monitor [Porter] identificaram-se três mercados prioritários nos Estados Unidos da América: Costa Leste (Nova Iorque, Nova Jérsia e Boston), Florida e Texas. E o que se fez depois disso?”.

A crítica parece ir direta para a Viniportugal, que gere a marca Wines of Portugal. Porém, Bernardo Gouvêa afirma que não só. “Não é só a Viniportugal, não aponto o dedo especificamente a ninguém. Também me incluo nisto”.

Quem diz turismo, cortiça e vinho deve juntar-lhes o cavalo Lusitano e o azeite. Um grupo de negócios em que as interajudas são possíveis e desejáveis, no entender de Bernardo Gouvêa.

O universo da Companhia das Quintas

A Quinta do Cardo (Beira Interior) e a Quinta da Fronteira e Quinta da Cova da Barca (ambas no Douro) não ficam longe. Porém, são bem diferentes. Do calor da sub-região do Douro Superior à frescura da sub-região de Castelo Rodrigo. Bem diferentes são, obviamente, a Herdade da Farizoa (Alentejo) e a Quinta de Pancas (Lisboa).

Visitadas as três propriedades mais a norte, são notórias as diferenças entre as três propriedades, que distam poucos quilómetros, do planalto às encostas.

A Quinta do Cardo tem 179,9 hectares, dos quais 68 ha de vinha em plena produção. Há 12 ha em pousio, que serão replantados em 2017 ou 2018. Onde estavam as tintas Mourisco, Tinta Roriz e Rufete vai passar a haver apenas a branca Síria.

Em dimensões [muito] arredondadas, a Touriga Nacional ocupa 15 ha, a Touriga Franca está em 12 ha, a Tinta Roriz tem 20 ha, a Síria está cultivada em 10 ha, cabendo a área restante às variedades Tinto Cão, Caladoc e Alicante Bouschet, além de um pouco de Arinto e Moscatel Galego, numa vinha com 38 anos.

A Quinta do Cardo tem 60 hectares de montado de sobro, cuja primeira carga foi em 2008, dimensão idêntica tem o pinhal, uma área considerável é das três charcas, que abastecem o sistema de rega gota a gota, e de floresta espontânea. A altitude mínima é de 728 m e a máxima de 768 m.

Bernardo Gouvea - Companhia das Quintas - 2

O solo é sobretudo argiloso e muito pobre. A chuva empapa o chão, tornando-se (quando muito) rijo quando seca, formando plataformas grandes e densas de terra, o que obriga as videiras a esforçarem-se.

Nas entrelinhas são cultivadas fava, ervilhaca, ervilha e trevo. Nas bordaduras foram plantados cardos. Luís Leocádio é o enólogo residente, desde 2013, e esclarece que a Quinta do Cardo se enquadra no Parque Natural do Douro Internacional, estando protegida das intempéries pela serra da Marofa. Por outro lado, está na confluência dos rios Douro, Côa e Águeda. “Tem todas as exposições [solares], mas é sobretudo virada a sul”, adianta o enólogo.

A Quinta do Cardo está sujeita a grandes amplitudes térmicas, nomeadamente diária, o que ajuda o desenvolvimento da planta e a concentração, permitindo um equilíbrio dos compostos fenólicos. O frio é uma realidade prolongada, pelo que os enólogos se recorrem duma salamandra para aquecer a adega, facilitando a realização da fermentação malolática.

O vinho obtido a partir da casta Síria, em Castelo Rodrigo, apresenta-se com muita frescura e mineralidade. Devido às condições climatológicas, a Companhia das Quintas decidiu praticar agricultura biológica, estando certificada pela Sativa desde a colheita de 2014.

O anátema de que os vinhos feitos a partir de uvas de agricultura biológica têm pouca qualidade está praticamente afastado. Por outro lado, os mercados internacionais valorizam os fatores ambientais, daí a assunção da palavra “bio” nos rótulos. Aos clássicos vinhos da Quinta do Cardo, a equipa de enologia pretende vir a fazer vinhos de uma só vinha e monovarietais.

A Quinta do Cardo foi comprada em 2000. João Corrêa decidiu ali plantar uvas tintas, tendo sido considerado como um ato incorreto. Porém, a reação da crítica e os consumidores vieram a dar-lhe razão, explica Cláudia Paiva, diretora de marketing da Companhia das Quintas.

Com as alterações técnicas e estratégicas, os vinhos de entrada de gama tornam-se mais fáceis e adaptáveis ao consumidor, ao mesmo tempo que a filosofia para os topos de gama não foi alterada, refere Cláudia Paiva.

A Quinta de Fronteira dá o nome aos vinhos do Douro da empresa, todos eles tintos. Acrescem uvas de duas vinhas da Quinta da Cova da Barca – donde poderá, desta última localização, sair um vinho de vinha.

Somados, o domínio duriense, situado dentro do Parque Natural do Douro Internacional, ocupa 198 hectares, tendo à cabeça o enólogo José Meneses Barbosa. Dos 151 ha da Quinta da Fronteira, 50 ha têm vinha. A Quinta da Cova da Barca tem 47 ha, sendo cerca de 20 ha de vinhas. Os terrenos de sobejo têm amendoais, pomares de citrinos, olival tradicional e vegetação bravia.

Nas duas quintas durienses vivem apenas castas tradicionais da região: Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão, Tinto Cão, Tinta Amarela, Tinta Roriz, Tinta Barroca e áreas de amálgama, como antigamente se agricultava no Douro.

Os vinhos da Quinta de Pancas ganharam fama e o surgimento de muitas mais marcas e produtores, nomeadamente na região de Lisboa, não afetou a notoriedade. As vinhas mais antigas têm 35 anos e respeitam a variedades francesas, sendo esta propriedade uma das primeiras a apostar em castas internacionais. A propriedade fica em Porto da Luz, no concelho de Alenquer e da demarcação com o mesmo nome.

“Temos um pH altíssimo, o que dá uma grande capacidade de troca catiónica” – explica Frederico Vilar Gomes. Água para rega é coisa que não necessita. O terreno, de constituição de calcário, tem uma grande inclinação, com cerca de um quilómetro de comprido até ao monte.

O diretor de enologia afirma que o grande problema da região vitivinícola de Lisboa é a riqueza dos solos, que nas zonas baixas são profundos. Assim, as videiras têm excesso de vigor. “São terrenos bons para batatas e hortícolas”, explica o enólogo. Ou seja, tem de existir um cuidadoso trabalho de viticultura.

A Quinta de Pancas não inclui o palácio, o que reconhecidamente poderia dar uma ajuda na promoção e relações públicas, tarefa que era desempenhada pela Quinta da Romeira. Este domínio tem alguns espaços industriais, mas a maioria dos cerca de 70 hectares está agricultada com vinha – quase 50 hectares.

Entre as castas tintas destaca-se a Cabernet Sauvignon, que está em 20 ha. O território restante tem as tintas Touriga Nacional, Merlot, Castelão, Syrah, Petit Verdot, Touriga Franca e Aragonês; e as brancas Arinto, Chardonnay e Sercial. Gilberto Marques é o enólogo residente.

Na Quinta de Pancas foram arrancados sete hectares de vinha, que se encontram em pousio. Para 2017 está prevista a plantação de Syrah e de Loureiro. Frederico Vilar Gomes afirma que não gosta do que ali dão as videiras de Touriga Franca, “mas não é prioritário” substitui-la.

A Herdade da Farizoa situa-se em Terrugem, entre Elvas e Borba, pertencendo ao concelho desta última cidade e sub-região vitivinícola. Para os padrões do Alentejo, é uma propriedade pequena, com 150 hectares. Destes um pouco mais de 59 hectares estão plantados com vinha, apenas de castas tintas e sobretudo de tradicionais alentejanas – todas regadas, visto a pluviosidade ser inferior ao desejável. O espaço restante está ocupado com montado de sobro e pastagens (arrendadas).

As cultivares escolhidas são: Aragonês (15 ha), Trincadeira (10 ha), Alicante Bouschet (8 ha), Touriga Nacional (8 ha), Alfrocheiro (6 ha), Syrah (6 ha), Cabernet Sauvignon (cerca de 6 ha) e Tinta Caiada (2 ha).

A equipa técnica garante que os solos são muito bons para a vinha, formados por calcário, xisto e mármore. A propriedade é muito ventosa, o que lhe confere frescura e permite uma escassa utilização de ácido tartárico.

Joaquim Mendes, o enólogo residente, todos os anos tem de lidar com as complicações do abrasador clima alentejano, que força a vindima a ter lugar por volta de meados de agosto, no pico do calor. É que facilmente se derrapa para os 17° de álcool.

Artigo publicado na edição de julho/agosto/setembro da revista ENOVITIS