Uma ideia que surgiu de ‘uma brincadeira’, conta-nos Gonçalo Cabrita, CEO da CoolFarm, “de experiências em casa que comecei a fazer durante o mestrado de robótica desafiado pelo João Igor, designer, para fazer uma ‘máquina’ para cuidar de hortas urbanas, mas quando decidimos criar a empresa e fomos para o programa de aceleração de empresas – Beta-i – percebemos que a aposta tinha de ser no mercado industrial, porque para o doméstico a solução ainda não é, economicamente, viável, mas continua a estar nos nosso objetivos para mais tarde, quando a tecnologia o permitir”.
Assim, o CoolFarm está vocacionado para estufas ou ‘armazéns’ de produção agrícola em hidroponia, gerindo várias funções e permitindo poupar água e fertilizantes.
“Inicialmente, tínhamos só um software mas tivemos de pensar logo na interligação com servidores que são instalados na estufa, que fabricamos ou vamos buscar ao mercado. A grande diferença do nosso serviço está no facto de recorrer à inteligência artificial – machine learning –, pois o programa consegue aprender como é que as plantas crescem, conseguindo assim ajudar o agricultor a produzir mais, mais depressa e com menos recursos”, explica Gonçalo Cabrita. Quantos mais CoolFarm existirem, maior será a base de dados e a aprendizagem do sistema, que permite gerir as várias operações necessárias na estufa.
Neste momento, o sistema está em fase de testes no terreno, em colaboração com a Universidade de Coimbra e com o ISA, numa estufa de 2ha de flores na Batalha, “temos também os nossos laboratórios em Torres Novas e estamos a preparar a instalação de teste em Londres”, com uma empresa privada que tem um armazém vertical de aquaponia, um sistema de produção de alimentos que combina a aquicultura convencional com a hidroponia (em água) num ambiente simbiótico.
O CEO da CoolFarm refere que “estivemos algumas semanas em Londres, no seguimento do Lisbon Challenge, e daí surgiram vários contactos e também temos já vários contactos na seção de pré-vendas no nosso site”.
A comercialização deverá ser possível a partir de maio de 2016, mas antes o sistema será apresentado em várias feiras internacionais, incluindo a próxima Fruit Logística.
“O CoolFarm funciona como um computador de casa, embora seja um computador industrial, adaptando-se a vários sensores, e o sistema é capaz de interagir com a estufa, podendo algumas funções ser colocadas em ‘piloto automático’, mas o agricultor é sempre quem decide”, explica Gonçalo Cabrita, “esta ferramenta de recomendação aprende a dois níveis: local – na estufa/armazém onde está instalado – e na cloud, através de outros CoolFarms instalados noutros locais, pelo que ao longo do tempo irá sempre melhorar, embora não parta do zero, porque estamos a carregar informação de investigação e de práticas culturais de parceiros”.