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Especial Marketing de Vinhos

E a sua marca, o que quer ser quando for grande?

Imagem de marca Yellow Tail

Criar um nicho de mercado pode ser o segredo para crescer, como mostra a incrível história de sucesso da australiana Yellow Tail.

No mercado dos vinhos, saturado de marcas, os produtores vinícolas competem entre si em fatores que pouco mudaram ao longo de séculos – preço, castas, regiões, envelhecimento – disputando quotas de mercado e lucros cada vez menores.

Concorrer entre si, é a estratégia clássica para vencer no mercado. Mas em 2005 dois professores de estratégia e gestão do INSEAD desafiaram esta visão. Num livro se tornou um bestseller, W. Chan Kim e Renée Mauborgne afirmaram que o sucesso duradouro vem, não da luta entre concorrentes, mas da capacidade de criar nichos de mercado inexplorados, a que chamaram “oceanos azuis”.

Um  “oceano azul” é um nicho onde a marca fica livre para crescer, sem ter de se focar na concorrência. Esta estratégia inspira-se em exemplos práticos, como o incrível caso de sucesso da marca de vinhos australiana Yellow Tail, a marca com o crescimento mais rápido da história da indústria do vinho. E dá ferramentas que qualquer produtor pode usar.

Para se destacar deve tentar responder à pergunta “quem são os meus clientes? O que quero que pensem da minha marca?”

Pense nos clientes primeiro

Milhares de produtores vinícolas em todo o mundo apresentam-se de forma genérica, do tipo “Somos um produtor familiar, escolhemos as melhores uvas para fazer um vinho de qualidade”. Segundo o especialista de branding Sasha Strauss “isto equivale a dizer ao consumidor que é apenas mais um a fazer exatamente o mesmo.”

Para se destacar deve tentar responder à pergunta “quem são os meus clientes? O que quero que pensem da minha marca?” Foi este o segredo do sucesso da Yellow Tail, a marca criada por um pequeno produtor familiar australiano que soube perceber o consumidor para tocar nos “botões certos”.

A história começou em 1994 em Yenda, uma aldeia a oeste de Sydney, quando John Casella herdou de seus pais a direção da Casella Wines. Fillipo e Maria eram dois emigrantes italianos que produziam vinho para venda a granel desde os anos 60. Mas John tinha uma estratégia mais ambiciosa: formado em enologia, sonhava criar uma marca para exportar para os EUA.

A família Casella: Joe, Maria, Daniel e John Casella

A família Casella: Joe, Maria, Daniel e John Casella

John Casella aumentou a capacidade de 200 toneladas de mosto para 20.000 toneladas, comprando produção local e procurou um distribuidor americano. A WJ Deutsch & Sons aceitou o seu desafio e juntos resolveram produzir um vinho exclusivamente para os consumidores americanos.

Em vez de tentar competir mano a mano com marcas estabelecidas no mercado, decidiram chegar ao consumidor que não bebia vinho habitualmente, facilitando a sua vida. Assim nasceu a marca Yellow Tail em 2001.

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Começaram com apenas um vinho tinto (Syrah) e um branco (Chardonnay) com um estilo fácil. O preço apontava ao consumo diário, a screwcap dispensava saca-rolhas e em nenhum lado no rótulo mencionavam a origem, estágio ou vinificação, que consideraram intimidantes para as pessoas que não bebem vinho habitualmente.

A imagem descontraída, com um canguru colorido, inspirou-se natureza australiana. John diz que a ideia para o nome foi dele. Ao folhear o dicionário viu o nome “yellow tail” entre parênteses: era o nome comum de um tipo de canguru australiano e decidiu manter os parênteses para o destacar.

Até na distribuição se posicionaram de forma despretensiosa: desafiavam a conhecer a Austrália de forma entusiástica e divertida, até para quem não tinha experiência na venda de vinho. Ofereciam chapéus e coletes de explorador, o que incentivou a recomendar Yellow Tail.

Hoje possui a linha de engarrafamentomais rápida do mundo: 36 milgarrafas por hora

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No início a marca foi construída boca-a-boca. O simpático canguru colorido desencadeava a compra inicial. Mas foi o estilo fácil e a qualidade consistente que criou clientes fieis. Em 2001 vendeu 112,000 caixas, número que cresceu para 7.5 milhões em 2005. Em apenas 4 anos os vinhos Yellow Tail tornaram-se parte da vida americana, introduzindo muitos novos consumidores ao prazer de beber vinho. Um fenómeno que surpreendeu e confundiu até os inovadores produtores da Califórnia,

Casella Winery

Casella Winery

Factores do sucesso da Yellow Tail

1)  Eliminar fatores tidos como certos, mas que não acrescentam valor. Ao perceber que o envelhecimento e taninos intimidavam os consumidores, os Casella decidiram centrar esforços noutras qualidades.

2)  Simplificar para limitar a margem de erro: A gama Yellow Tail começou com apenas um vinho branco e um tinto.

3)  Exceder as expectativas: Yellow Tail oferece um perfil de vinho muito agradável por um bom preço. E envolveu os distribuidores com uma aproximação amigável.

4)  Criar valores nunca antes oferecidos. Yellow Tail ligou o ato de beber vinho a novas experiências: facilitou a escolha, associou o vinho à diversão e aventura.

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